domingo, 30 de março de 2025

Livro: Afonso Costa. Divulgação de Acervo

Título: Afonso Costa.

Autor: A.H. de Oliveira Marques.

Editora: Editora Arcádia

Impressão: Tipografia Central da Borralha – Abril de 1972 – 1ª Edição

Páginas: 429 - numeradas


Classificado na temática: 5 Outubro de 1910 – Iª República.

 


Afonso Costa (1871-1937) foi um político, advogado e professor português, uma das figuras mais influentes da Primeira República Portuguesa (1910-1926). Líder do Partido Republicano Português, destacou-se como um dos principais responsáveis pela implementação do regime republicano após a queda da monarquia em 1910.

Afonso Costa (1871-1937) foi um político, advogado e professor português, uma das figuras mais influentes da Primeira República Portuguesa (1910-1926). Líder do Partido Republicano Português, destacou-se como um dos principais responsáveis pela implementação do regime republicano após a queda da monarquia em 1910.

Durante a Primeira República, Afonso Costa serviu como Ministro da Justiça e foi responsável por reformas anticlericais, incluindo a Lei da Separação da Igreja do Estado (1911).


Ocupou o cargo de Presidente do Conselho de Ministros (equivalente a Primeiro-Ministro) em três ocasiões (1913-1914, 1915-1916 e 1917).

Foi uma figura controversa, defendendo políticas radicais e anticlericais, o que lhe valeu muitos opositores. Durante a Primeira Guerra Mundial, teve um papel essencial na entrada de Portugal no conflito ao lado dos Aliados. Com o golpe militar de 1926, que deu início à Ditadura Militar e mais tarde ao Estado Novo, exilou-se na França, onde viveu até sua morte em 1937.

É lembrado como um dos principais ideólogos da Primeira República e uma das figuras mais marcantes da história política portuguesa do século XX.

Índice do livro:


 

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quinta-feira, 27 de março de 2025

Livro: A Revolução Russa na Imprensa Portuguesa da Época. Divulgação de acervo.

Título: A Revolução Russa na Imprensa Portuguesa da Época.

Autor: César Oliveira.

Editora: Diabril Editora

Impressão: Silvas Coop Trab. Gráficos – Maio 1976 – 1ª Edição

Páginas: 171 - numeradas


Classificado na temática: Trabalho – Movimento Operário.

 

O texto apresentado é uma nota introdutória a um conjunto de três estudos sobre a história do movimento operário português (ver índice). César Oliveira menciona que esses estudos foram desenvolvidos ao longo de oito anos e destacam, entre outros temas, a imprensa operária, a Revolução Russa e o impacto da Primeira Guerra Mundial no contexto português. Além disso, o autor reconhece a necessidade de um maior aprofundamento sobre certos aspetos, especialmente a imprensa operária.

 

César Oliveira não esconde o seu empenhado comprometimento com a luta dos trabalhadores, afirmando não ser neutro e procurando contribuir para uma melhor compreensão do passado recente, com o objetivo de agir de forma mais eficaz no presente e preparar a conquista do futuro.

Índice.


 

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quarta-feira, 26 de março de 2025

Livro: TRABALHOS DE MERDA: Uma teoria. Divulgação de acervo.

 

Título: Trabalhos de Merda: Uma teoria.

Autor: David Graeber.

Editora: Edições 70

Impressão: Publito - Braga - 2022.

Páginas: 328 numeradas


Classificado na temática: Trabalho.

 


Trabalhos de Merda: Uma Teoria (no original, Bullshit Jobs: A Theory) é um livro do antropólogo David Graeber (1961-2020), publicado em 2018. Nele, Graeber explora a proliferação de empregos que considera socialmente inúteis, mas que persistem porque atendem a necessidades burocráticas ou estruturais do capitalismo moderno.

O livro argumenta que estes empregos minam a dignidade das pessoas, geram insatisfação e são um sintoma de um sistema que prioriza a aparência de produtividade em vez de contribuir para a sociedade.

Estes trabalhos são uma forma de emprego remunerado que é tão completamente inútil, desnecessária ou perniciosa que nem o próprio trabalhador consegue justificar a sua existência.

Um livro provocador, incómodo não só no título, que nos convida e instiga à reflexão, e que de certa forma coloca-nos perante o valor e o papel do trabalho nas sociedades dos nosso dias. Contribuirá esta forma de trabalho para uma sociedade verdadeiramente livre?

Índice.

 




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segunda-feira, 24 de março de 2025

Livro: Portugal e a Comuna de Paris. Divulgação de acervo.

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Em 18 de Março de 1871, eclodia na cidade de Paris, possivelmente, a mais importante insurreição popular do século XIX, conhecida, para a História, como  Comuna de Paris. Durante 73 dias, de  18 de Março e 28 Maio de 1871, o proletariado revolucionário proclamou e  viveu o primeiro governo socialista da história. O acontecimento  foi consequência da conjuntura política, económica e social da época, mais concretamente da crise nacional do regime Bonapartista que começava a desintegrar, da evolução e consequência do desfecho da guerra Franco-Prussiana, com estes à porta de Paris, e da ascensão, entre o proletariado, dos ideais Socialistas , muito por via da expansão da AIT - Associação Internacional dos Trabalhadores, como resposta  à acelerada evolução  do capitalismo que vai espicaçar prematuramente o surgir de conflitos de classe.

Sobre a Comuna de Paris, escreveria Mikail Bakunine em "A Comuna de Paris e a Noção de Estado": «O socialismo revolucionário acaba de tentar uma primeira manifestação brilhante e prática na Comuna de Paris. Sou um partidário da Comuna de Paris, que, por ter sido esmagada, sufocada em sangue pelos verdugos da reação monárquica e clerical, não por isso deixou de se fazer mais vivaz, mais poderosa na imaginação e no coração do proletariado da Europa; sou seu partidário em grande parte porque foi uma negação audaz, bem pronunciada, do Estado.É um fato histórico imenso que essa negação do Estado tenha se manifestado justamente na França, que foi até agora o país por excelência da centralização política, e que seja precisamente Paris, a cabeça e o criador histórico dessa grande civilização francesa, que tenha tomado essa iniciativa. Paris, que abdica de sua coroa e proclama com entusiasmo sua própria decadência para dar a liberdade e a vida à França, à Europa, ao mundo inteiro; Paris, que afirma de novo sua potência histórica de iniciativa ao mostrar a todos os povos escravos (e quais são as massas populares que não são escravas?) o único caminho de emancipação e de salvação; Paris, que dá um golpe mortal nas tradições políticas do radicalismo burguês e uma base real ao socialismo revolucionário; Paris, que merece de novo as maldições de toda gente reacionária da França e da Europa; Paris, que se envolve em suas ruínas para desmentir solenemente a reação triunfante; que salva com seu desastre a honra e o porvir da França e demonstra à humanidade consolada que se a vida, a inteligência e a força moral retiraram-se das classes superiores, conservaram-se enérgicas e cheias de porvir no proletariado; Paris, que inaugura a nova era, aquela da emancipação definitiva e completa das massas populares e de sua solidariedade de agora em diante completamente real, através e apesar das fronteiras dos Estados;Paris, que mata o patriotismo e funda sobre suas ruínas a religião da humanidade; Paris, que se proclama humanitária e ateia e substitui as ficções divinas pelas grandes realidades da vida social e a fé na ciência; as mentiras e as iniquidades da moral religiosa, política e jurídica pelos princípios da liberdade, da justiça, da igualdade e da fraternidade, estes fundamentos eternos de toda moral humana;Paris heroica, racional e crente, que confirma sua fé enérgica nos destinos da humanidade por sua queda gloriosa, por sua morte, e que a transmite muito mais enérgica e viva às gerações vindouras; Paris, inundada no sangue de seus filhos mais generosos, é a humanidade crucificada pela reação internacional coligada da Europa, sob a inspiração imediata de todas as igrejas cristãs e do grande sacerdote da iniquidade, o Papa; mas a próxima revolução internacional e solidária dos povos será a ressurreição de Paris. Tal é o verdadeiro sentido e tais as consequências benfeitoras e imensas dos dois meses memoráveis da existência e da queda imortal da Comuna de Paris».

Em Portugal Burguesia que frequentava o Passeio Público(a) e o Teatro Circo Price(b) indignava-se e alarmava-se sobre o seu futuro e o da Europa. Porém o País não tinha apenas Monárquicos, os Republicanos e Socialistas rejubilavam com a grande revolução que se passava em França.

A obra de Ana Maria Alves, lançado quando dos 100 anos da Comuna de Paris, tem dois propósitos. Um primeiro o de sondar a mentalidade da Burguesia portuguesa através das reações publicadas na época pela imprensa. A Burguesia Portuguesa viveu o acontecimento entre o alarmismo  e o escândalo. A Imprensa Portuguesa fez, em grande medida, eco da francesa e da restante imprensa europeia na condenação à Comuna de Paris. O segundo objetivo foi o de procurar as influencias da Comuna na teoria e prática Socialistas em Portugal recorrendo a depoimentos, à imprensa Socialista, e à ação da classe operária.

(a) - Vários períodos e fases, no seu todo ocupava na altura grosso modo o espaço envolvente desde a atual zona do Rossio até à Praça Alegria, expandindo-se já mais tarde até à atual Praça Marquês do Pombal.

(b) - Inaugurado em 1860 veio ocupar o espaço da primeira praça de touros que existia em Lisboa, e veio a ser demolido  em 1882, para dar lugar à Avenida da Liberdade.

Índice do Livro:

 


 

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domingo, 23 de março de 2025

Livro: DA Casa Sindical ao Forte de Sacavém - Divulgação de acervo.

Título: Da Casa Sindical ao Forte de Sacavém

Autor: Frutuoso Firmino (Operário Gráfico).

Editora: Afrontamento.

Impressão: Tipografia Nunes, 1971

Páginas: 47 páginas.


Classificado na temática: Trabalho – Movimento Operário, Sindicalismo.

 

Da Casa Sindical ao Forte de Sacavém, notas de um sindicalista preso no último movimento operário, cujo original é editado em 1912 centra-se numa das muitas manifestações operárias que ocorreram,em Portugal, após a implantação da República e 1910. Os acontecimentos narrados desenrolam-se em Lisboa, no decurso da greve geral, de Janeiro de 1912, convocada em solidariedade com os trabalhadores de Évora. Alexandre Vieira, destacado sindicalista,  refere nas suas memórias, que entre os dias 29 e 30 de Janeiro a capital esteve nas mãos da classe operária. O governo determina a ação das forças militares e policiais que cercam a Casa Sindical, situada na Rua do Século ao bairro Alto. Este é um dos vários episódios que contribuíram para a rutura entre o operariado organizado em torno do movimento sindicalista  e a República.


Com introdução de César Oliveira cujo texto abaixo se apresenta.



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sábado, 22 de março de 2025

Revista História - Divulgação de acervo - Geral

Estimados leitores,

A Biblioteca Memória e Revolução (BMR) acrescentou recentemente ao seu acervo 101 números da revista "História", do nº 1 ao nº 101.

O Primeiro número edição da revista "História" saiu para as bancas em Novembro de 1978, editada pelas Publicações Projornal, teve como seu primeiro Diretor Almeida Martins, que ainda  se mantinha como diretor, no nº 101, em Março de 1987.

A "História" era uma publicação bastante respeitada, nos anos 80 e 90, e que preencheu durante anos um espaço dedicado à divulgação dos acontecimentos e temas históricos com uma abordagem acessível mas rigorosa.

Colaboraram com a Revista prestigiados académicos, dos quais aqui se recordam, de entre muitos outros, A.H. de Oliveira Marques, Joel Serrão, e muitas outras personalidades das mais diversas áreas do conhecimento e do saber.

A BMR irá com periodicidade semanal, sempre que possível,  e com início em Abril próximo, recordar e divulgar os vários números que possui no seu acervo.

Deixam-se aqui capas de alguns dos 101 números, os quais iremos divulgar, aos nossos leitores e seguidores, a devido tempo.

nº 84 - Outubro 1985


 nº 85 - Novembro de 1985

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quarta-feira, 12 de março de 2025

Livro: Portugal e o Futuro. 2ª Edição, Março 1974.

Título: Portugal e o Futuro

Autor: António de Spínola .

Editora: Arcádia SARL.

Impressão: Safil em Março de 1974 ( 2ª Edição )

Páginas: 248 páginas.

Classificado na temática: Revolução de 25 Abril de 1974.


O livro "Portugal e o Futuro", de António de Spínola, teve a sua edição publicada em 22 de fevereiro de 1974 e teve de imediato um enorme sucesso, esgotando rapidamente e levando à necessidade de novas edições em muito pouco tempo. A 2ª edição foi publicada em 4 de março de 1974.

 



No início da década de 1970, Portugal vivia sob um regime autoritário, a ditadura do Estado Novo, liderada por Marcello Caetano, após a longa governação de Salazar. O regime enfrentava uma profunda crise devido às guerras coloniais que Portugal mantinha em África (Angola, Guiné-Bissau e Moçambique) desde 1961. Essas guerras esgotavam economicamente o país, provocavam isolamento internacional e geravam crescente descontentamento nas Forças Armadas e na sociedade portuguesa.

É neste ambiente que surge o livro "Portugal e o Futuro", publicado a 22 de fevereiro de 1974, da autoria do General António de Spínola, então vice-chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas. O livro teve um impacto político significativo, pois criticava a política colonial portuguesa e defendia uma solução política para as guerras coloniais. Foi um dos catalisadores do ambiente que levou ao 25 de Abril de 1974.

Portugal e o Futuro é um ensaio político e estratégico onde se analisa a situação de Portugal, focando-se especialmente na questão colonial. É feita faz uma crítica implícita ao regime, argumentando que a política seguida até então — baseada na recusa de negociar com os movimentos de libertação africanos — era insustentável. Spínola defende que a guerra colonial não podia ser ganha (apenas) pela via militar, pois não existiam condições económicas, políticas nem militares para sustentar uma guerra prolongada. Propõe, por isso, uma solução política negociada, com base na autodeterminação dos povos das colónias. Isto significava aceitar, pela primeira vez por parte de uma figura ligada ao regime, que os territórios coloniais não deveriam permanecer sob domínio português a todo o custo. Além da questão colonial, o livro aborda a necessidade de reformas internas, como a democratização progressiva do regime e a modernização económica e social do país.

A publicação de Portugal e o Futuro teve um impacto político profundo. Foi visto como um manifesto que abalou as estruturas do regime, abrindo espaço para a reflexão e o debate, sobretudo nas Forças Armadas, ajudando a contribuir para a criação do ambiente que levou ao golpe militar do 25 de Abril de 1974, que depôs o regime e deu início ao processo de descolonização e à construção da democracia em Portugal.

Após o 25 de Abril, Spínola tornou-se uma figura central no Movimento das Forças Armadas (MFA) e chegou a ser Presidente da República, embora por um curto período (15 Maio a 30 setembro de 1974).

 

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terça-feira, 11 de março de 2025

Revista História – nº 77 – Março 1985 - O Bambúrrio do 11 de Março.

Título: Revista História – nº 77 – Março 1985

Artigo: O Bambúrrio do 11 de Março.

Autor: Varela Gomes .

Editora: Publicações Projornal Lda

Impressão: Gráfica Europam Lda.

Páginas: 2 a 17 ( artigo ) , Revista 96 páginas numeradas


Classificado na temática: Revolução de 25 Abril de 1974.

 


A 11 de Março de 2025 passam 50 anos, de um dos dias mais quentes, do período revolucionário vivido em Portugal entre as datas de 25 de Abril de 1974 e de 25 Novembro de 1975. Conjuntamente com o 28 Setembro de 1974, o 25 Novembro de 1975, 11 de Março de 1975 marca talvez o conjunto dos três momentos mais fortes do processo revolucionário Português decorrente da Revolução dos Cravos.

Portugal vivia na sequência da Revolução dos Cravos (25 Abril de 1974), que havia posto temo ao regime de ditadura do Estado Novo, um momento revolucionário, que mais tarde ficou conhecido por Período Revolucionário em Curso (PREC), caracterizado por instabilidade política, lutas internas entre fações (esquerda radical, moderada e direita conservadora), uma disputa pelo poder entre militares de diferentes tendências ideológicas e a sociedade civil encontrava-se fortemente polarizada por movimentos sindicais, comissões de trabalhadores, ocupações de terras e empresas.

O 11 de Março foi assim uma tentativa de golpe militar liderado por sectores conservadores das Forças Armadas, em particular o General António de Spínola, ex-presidente da República e símbolo de uma direita conservadora, que procurou uma reação ultima e desesperada à perda de controlo político e progressiva marginalização das forças conservadoras no pós 25 Abril. O Golpe tinha como objetivos, travar a radicalização do processo revolucionário em curso e conter a influência da esquerda revolucionária, retomando o controlo político, impedindo desse modo uma possível viragem socialista ou comunista em Portugal.

Unidades Paraquedistas, leais ao General Spínola, avançaram para Lisboa e tentaram tomar o RAL nº 1 (Regimento de Artilharia Ligeira), mas fracassaram na missão. Um série de acidentes inesperados ditaram o insucesso operacional. As forças sitiadas comandadas por Dinis de Almeida não se intimidaram com o bombardeamento aéreo nem com o cerco dos Páras. A população da zona, a pouco e pouco, foi-se acercando do perímetro do teatro de operações criando dificuldades suplementares e não previstas na movimentação e no ataque desenvolvido pelas forças paraquedistas. Tudo termina com uma conversação entre Dinis de Almeida e Simões Martins, comandante das forças paraquedistas no terreno, e que foi imortalizada em direto, em imagens da RTP, pelo jornalista Adelino Gomes e a sua equipa.

 


Como consequência imediata do golpe fracassado, a sociedade portuguesa entrou num período mais radical à esquerda, com nacionalizações massivas de bancos, seguradoras e grande empresas, ocupações de terras que ocorreram principalmente no Alentejo dando corpo à chamada Reforma Agrária. No setor militar à uma consolidação das posições da esquerda do MFA. O partido Comunista vê aumentada a sua influência no aparelho de Estado. Spínola e outros oficiais conservadores, envolvidos no golpe refugiam-se no estrangeiro.

O ritmo e a velocidade dos acontecimentos políticos e sociais em Portugal, aumentaram, dando impulso a uma revolução que para muitos, começou a desrespeitar as liberdades democráticas, em favor de uma “ditadura do proletariado”, acentuando e criando uma clivagem entre a esquerda moderada ( PS ) e a esquerda radical (PCP , extrema esquerda populista ), marcando um ponto sem retorno e a radicalização do processo revolucionário em curso, e o prelúdio das tensões que culminaram no 25 de Novembro de 1975, com o fim do ciclo revolucionário e a estabilização democrática. Mas esta é uma outra história à qual voltaremos.

Mais do que um simples golpe militar fracassado, o 11 de março de 1975 simboliza a profunda luta ideológica que marcou a sociedade portuguesa no pós 25 de Abril. Se por um lado permitiu avanços importantes ou necessários no plano social e económico, por outro aprofundou divisões e criou um clima de instabilidade que só seria superado no final e 1975.

O Artigo de Varela Gomes intitulado «O Bambúrrio do 11 de Março», publicado na Revista História, 10 anos após os acontecimentos, porventura ainda longe do necessário distanciamento histórico, deixa no entanto importantes pistas e referências para uma melhor compreensão, de um acontecimento que ainda hoje passados 50 anos, envolto em mistério e segredo, apaixona e divide opiniões, sobre o dia que acelerou a revolução e mudou Portugal para sempre.

 Videos RTP disponibilizados na www sobre o 11 de março de 1975:

-   Video 1 

Video 2 

 

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domingo, 9 de março de 2025

Livro : O Ano de 1909 - Divulgação de acervo

Título:O Ano de 1909.

Coordenação: Manuela Rego.

Apresentação: Amadeu Carvalho Homem

Editora: BNP – Biblioteca Nacional de Portugal

Impressão: Oficinas Gráficas ERP / BNP – fevereiro 2009

Páginas: 103 numeradas


Classificado na temática: Revolução de 5 Outubro de 1910 – República.

 


Acontecimentos no ano de 1909 em Portugal mencionados no livro:

- O Partido Republicano elege a 25 de Abril de 1909 o seu novo diretório composto por Theófilo Braga, Basílio Teles, José Relvas, Eusébio Leão, Cupertino Ribeiro ( todos na capa do livro ), estava iniciado o caminho que levaria ao 5 de Outubro de 1910, já que este era um diretório que privilegiava o culto da ação e o envolvimento direto na mudança do regime em Portugal.


- O jornal a República publica a 6 de Maio de 1909 o texto , abaixo transcrito, apresentado por Ana de Castro Osório, em conferência no salão da “IIustração Portuguesa”, intitulado “Questão do divórcio”.



Minhas senhoras e meus senhores:

Nunca me passou pela cabeça que as exigências da propaganda me chamassem um dia a entrar nesta campanha, que julgo altamente moralizadora e vitalizadora, a qual se chama agora entre nós a Questão do divórcio. Questão que é velha em todo o mundo, questão que na minha opinião nem mereceria as honras de propaganda, tanto ela devia estar no ânimo de toda a gente, tanto ela é uma questão de bom senso, de lógica e de moralidade.

Eu sempre julguei que o não terem ainda votado e decretado o divórcio entre nós, era por esta preguiça meridional dos nossos homens de Estado, que vão estando à espera que o céu lhes caia em cima, para lhe por escoras.

Podia lá calcular que ao agitar-se com mais intensidade esta ideia, houvesse pessoas de tão pouco senso, que fizessem dela uma questão política e, sobretudo, uma questão religiosa!

Há movimentos tão gerais, há ideias que se apresentam já por tal forma amadurecidas e fortes, que contrariá-las não demora mais do que loucura senil ou velhice impotente. O movimento da opinião consciente impõe-se e mal vão os que querem prender uma sociedade que deliberadamente caminha para o futuro, com velhos preconceitos e fios de aranha, que só podem formar teia em casas desabitadas, ou sem a limpeza higiénica de uma vassourada. [...]

Com sinceridade, confesso que me surpreendeu a oposição à lei do divórcio entre nós, tanto essa oposição se me afira imbecil e contraproducente.

Uma religião e um regime pode subsistir enquanto corresponde às exigências daqueles que por um resto de tradicionalismo acatam uma e toleram o outro; mas são abandonados e desprezados como coisas mortas e laços já inúteis, quando se conservam numa rigidez de monumento fúnebre, querendo guardar um organismo que vive e que lutará desesperadamente pela luz do sol que lhe é negada, pelo ar que lhe querem roubar, pela felicidade de que pretende privá-lo, obrigando-o a conservar-se entre a poeira, os trapos e as ossadas de uma sociedade morta.

Pois bem, na nossa sociedade que se veste pelos figurinos de Paris e pensa pelos modelos ingleses, suíços ou alemães consoante os gostos ou a moda dominante, assistimos com assombro a esta coisa verdadeiramente estranha, verdadeiramente pavorosa, pelo que significa de retrocesso intelectual e moral, de ser necessário propagandear e explicar uma lei que devia estar no espírito de todos, uma lei que está já nos costumes, porque raro existirá hoje uma pessoa entre nós que não conheça um ou mais casos de divórcio de facto, embora o não sejam de direito, e rara a pessoa que não tenha de desculpar entre os seus conhecidos, uma ou mais uniões dessas que tornam simpáticos os que as praticam, vítimas de uma legislação improgressiva. [...]

Querer hoje apertar a sociedade portuguesa, tão fortemente impulsionada para o caminho do progresso, nos moldes arcaicos de um passado já morto, é tentar o impossível, é chamar à revolta todos os espíritos, é preparar a si mesmo a mais forte e completa ruína.

Eis o que sucede com a lei do divórcio, que uma grande maioria reclama e que os elementos retintamente conservadores tentam contrariar, não vendo que violentam assim as consciências, e afastam aqueles que, sincera-mente crentes, abominam a intolerância e o retrocesso.

Para nós, que fazemos a propaganda da liberdade de consciência, não nos contraria, antes nos agrada, porque nos é útil, a guerra insidiosa que os elementos reacionários movem à lei do divórcio. Assim mostramos em destaque flagrante as nossas ideias de tolerância e de progresso, em contraposição com as suas, de violência e de retrocesso

Porque - o que pretendemos nós? Que a lei do divórcio seja discutida e votada, que a lei do divórcio se converta em lei do Estado. Mas se nós pretendemos que o divórcio exista no nosso pais, como remédio a um grande mal, não o impomos aos crentes, não o discutimos à luz da fé, não o queremos na Igreja, não nos importa que o usem os que tiverem escrúpulos de consciência.

Em nome de que justiça, em nome de que direito nos querem, pois, coarctar a liberdade, nos querem impor crenças e preconceitos que não temos?

Se nos interessasse a vida da Igreja poder-lhe-íamos dizer que evolucionasse com as sociedades que pretende dominar, sob pena de se converter num fantasma sem realidade.

Mas não é o interessa da Igreja que nos impulsiona, que estacione como Pio X deseja ou se transforme como Leão XIII pretendeu, eis o que não nos importa.

O que queremos é o divórcio na lei civil, porque é com as suas leis civis que um povo se governa hoje; o tempo das leis religiosas passou, pelo menos para os povos que chegaram a um grau de civilização em que se apela para ciência e para a lei em vez de se esperar o milagre divino. As sociedades podem governar-se por preceitos religiosos e fazerem os seus contratos à sombra dos templos, jurando sobre os livros sagrados, quando têm quando creiam nesses livros, quando seguem os seus preceitos. Então as religiões são soberanas e os sacerdotes os verdadeiros dirigentes de um povo que não tem, sequer, a liberdade da dúvida. Nós vemos como a lei de Moisés impunha ao povo israelita preceitos de higiene, de mistura com deveres morais e civis. Nós vamos ver a todas as religiões e em todas elas notamos o mesmo espírito legislativo, que bem se compreende como seria necessário numa sociedade que só a religião podia congregar e dominar.

As religiões correspondem a uma necessidade num certo e determinado momento evolutivo da alma humana; portanto, não se discutem; aceitam-se nas sociedades como se aceitam nos indivíduos que não transpuseram o ciclo em que deixam de ser necessárias. Mas o que não é possível, ou por outra, o que irrita e tornam odiosos os que as professam é quando eles, sem compreenderem o espírito do seu tempo, querem impor uma crença que é somente sua, e governar os outros pelas leis que só eles podem respeitar e acatar. [...]"

[A República. Lisboa. (6 Maio 1909), p. 1.]


Com este texto recordamos “O Dia Internacional das Mulheres”, celebrado a 8 de março, e que teve origem nas lutas encetadas pelas mulheres por melhores condições de trabalho, igualdade de direitos e participação política. No início do século XX, mulheres nos Estados Unidos e na Europa organizaram protestos contra a exploração no trabalho e reivindicaram direitos, como o voto feminino.

Uma data marcante foi a greve das operárias têxteis em Nova York, em 1908, quando milhares de mulheres protestaram por melhores salários, redução da jornada e fim do trabalho infantil. Em 1910, durante a 2ª Conferência Internacional das Mulheres Socialistas, em Copenhaga, a ativista Clara Zetkin propôs a criação de um dia internacional em homenagem às mulheres e à luta pelos seus direitos.

A data de 8 de março foi consolidada após manifestações de mulheres russas em 1917, que reivindicavam "pão e paz" durante a Primeira Guerra Mundial. Em 1975, a ONU oficializou o 8 de março como Dia Internacional das Mulheres, destacando a importância da igualdade de género e dos direitos femininos no mundo.

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terça-feira, 4 de março de 2025

Livro: O Sindicalismo Católico no Estado Novo - 1931-1948. Divulgação de acervo.

Título: O Sindicalismo Católico no Estado Novo - 1931-1948.

Autor: Maria Inácia Rezola .

Editora: Editorial Estampa – 1ª Edição, 1999

Impressão: Rolo & Filhos – Artes Gráficas Lda.

Páginas: 290 numeradas


Classificado na temática: O Trabalho - Sindicalismo.

 

O livro reproduz no essencial a dissertação de mestrado, defendida pela autora, e apresentada na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, em 1995.

A tese foca-se no movimento do Sindicalismo Católico, em Portugal, entre os anos de 1931 a 1948. A situação vivida pelo povo Português durante todo esse período, o rescaldo da campanha presidencial do General de Humberto Delgado e a "Carta do Bispo do Porto", escrita em julho de 1958 por D. António Ferreira Gomes, são contexto histórico e ponto de partida para a reflexão e o trabalho apresentado.

Nesse escrito pró-memória, que teve à época forte impacto no contexto político e social, o bispo denuncia a miséria social em Portugal e reivindica o direito dos católicos de expressar publicamente os princípios da doutrina social cristã. Da crítica ao regime Salazarista e à ordem corporativa do Estado Novo gerou-se grande repercussão, levando à sua expulsão e a um longo exílio do Bispo do Porto, só regressando a Portugal em 1969 , por autorização de Marcelo Caetano.

Maria Inácia Rezola, pesquisa e procura compreender as origens desse, distanciamento e confronto entre a Igreja Católica e o Regime, questionando-se como uma figura da alta hierarquia eclesiástica pôde posicionar-se de maneira tão crítica num período em que prevalecia uma aparente união entre Igreja e Estado. Para isso, o trabalho examina a evolução das relações entre a Igreja e o Estado Novo ao longo das décadas de 1930, 1940 e 1950, investigando os fatores que levaram ao distanciamento progressivo e culminaram na posição pública adotada por D. António Ferreira Gomes.

Ao explorar essa rutura histórica, a análise permite uma reflexão mais ampla sobre a participação política da Igreja em regimes autoritários e o papel do pensamento católico na contestação social e política, no movimento operário e no mundo do trabalho em Portugal.

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Livro: O REVIRALHO – Revoltas Republicanas contra a Ditadura e o Estado Novo, 1926-1940.

Título: O REVIRALHO – Revoltas Republicanas contra a Ditadura e o Estado Novo, 1926-1940- . Autor: Luís Farinha. Editora: Editorial Est...