Título: Revista História – nº 77 – Março 1985
Artigo: O Bambúrrio do 11 de Março.
Autor: Varela Gomes .
Editora: Publicações Projornal Lda
Impressão: Gráfica Europam Lda.
Páginas: 2 a 17 ( artigo ) , Revista 96 páginas numeradas
Classificado na temática: Revolução de 25 Abril de 1974.
A 11 de Março de 2025 passam 50 anos, de um dos dias mais quentes, do período revolucionário vivido em Portugal entre as datas de 25 de Abril de 1974 e de 25 Novembro de 1975. Conjuntamente com o 28 Setembro de 1974, o 25 Novembro de 1975, 11 de Março de 1975 marca talvez o conjunto dos três momentos mais fortes do processo revolucionário Português decorrente da Revolução dos Cravos.
Portugal vivia na sequência da Revolução dos Cravos (25 Abril de 1974), que havia posto temo ao regime de ditadura do Estado Novo, um momento revolucionário, que mais tarde ficou conhecido por Período Revolucionário em Curso (PREC), caracterizado por instabilidade política, lutas internas entre fações (esquerda radical, moderada e direita conservadora), uma disputa pelo poder entre militares de diferentes tendências ideológicas e a sociedade civil encontrava-se fortemente polarizada por movimentos sindicais, comissões de trabalhadores, ocupações de terras e empresas.
O 11 de Março foi assim uma tentativa de golpe militar liderado por sectores conservadores das Forças Armadas, em particular o General António de Spínola, ex-presidente da República e símbolo de uma direita conservadora, que procurou uma reação ultima e desesperada à perda de controlo político e progressiva marginalização das forças conservadoras no pós 25 Abril. O Golpe tinha como objetivos, travar a radicalização do processo revolucionário em curso e conter a influência da esquerda revolucionária, retomando o controlo político, impedindo desse modo uma possível viragem socialista ou comunista em Portugal.
Unidades Paraquedistas, leais ao General Spínola, avançaram para Lisboa e tentaram tomar o RAL nº 1 (Regimento de Artilharia Ligeira), mas fracassaram na missão. Um série de acidentes inesperados ditaram o insucesso operacional. As forças sitiadas comandadas por Dinis de Almeida não se intimidaram com o bombardeamento aéreo nem com o cerco dos Páras. A população da zona, a pouco e pouco, foi-se acercando do perímetro do teatro de operações criando dificuldades suplementares e não previstas na movimentação e no ataque desenvolvido pelas forças paraquedistas. Tudo termina com uma conversação entre Dinis de Almeida e Simões Martins, comandante das forças paraquedistas no terreno, e que foi imortalizada em direto, em imagens da RTP, pelo jornalista Adelino Gomes e a sua equipa.
Como consequência imediata do golpe fracassado, a sociedade portuguesa entrou num período mais radical à esquerda, com nacionalizações massivas de bancos, seguradoras e grande empresas, ocupações de terras que ocorreram principalmente no Alentejo dando corpo à chamada Reforma Agrária. No setor militar à uma consolidação das posições da esquerda do MFA. O partido Comunista vê aumentada a sua influência no aparelho de Estado. Spínola e outros oficiais conservadores, envolvidos no golpe refugiam-se no estrangeiro.
O ritmo e a velocidade dos acontecimentos políticos e sociais em Portugal, aumentaram, dando impulso a uma revolução que para muitos, começou a desrespeitar as liberdades democráticas, em favor de uma “ditadura do proletariado”, acentuando e criando uma clivagem entre a esquerda moderada ( PS ) e a esquerda radical (PCP , extrema esquerda populista ), marcando um ponto sem retorno e a radicalização do processo revolucionário em curso, e o prelúdio das tensões que culminaram no 25 de Novembro de 1975, com o fim do ciclo revolucionário e a estabilização democrática. Mas esta é uma outra história à qual voltaremos.
Mais do que um simples golpe militar fracassado, o 11 de março de 1975 simboliza a profunda luta ideológica que marcou a sociedade portuguesa no pós 25 de Abril. Se por um lado permitiu avanços importantes ou necessários no plano social e económico, por outro aprofundou divisões e criou um clima de instabilidade que só seria superado no final e 1975.
O Artigo de Varela Gomes intitulado «O Bambúrrio do 11 de Março», publicado na Revista História, 10 anos após os acontecimentos, porventura ainda longe do necessário distanciamento histórico, deixa no entanto importantes pistas e referências para uma melhor compreensão, de um acontecimento que ainda hoje passados 50 anos, envolto em mistério e segredo, apaixona e divide opiniões, sobre o dia que acelerou a revolução e mudou Portugal para sempre.
Videos RTP disponibilizados na www sobre o 11 de março de 1975:
- Video 1
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