Título: Portugal e o Futuro
Autor: António de Spínola .
Editora: Arcádia SARL.
Impressão: Safil em Março de 1974 ( 2ª Edição )
Páginas: 248 páginas.
Classificado na temática: Revolução de 25 Abril de 1974.
O livro "Portugal e o Futuro", de António de Spínola, teve a sua 1ª edição publicada em 22 de fevereiro de 1974 e teve de imediato um enorme sucesso, esgotando rapidamente e levando à necessidade de novas edições em muito pouco tempo. A 2ª edição foi publicada em 4 de março de 1974.
No início da década de 1970, Portugal vivia sob um regime autoritário, a ditadura do Estado Novo, liderada por Marcello Caetano, após a longa governação de Salazar. O regime enfrentava uma profunda crise devido às guerras coloniais que Portugal mantinha em África (Angola, Guiné-Bissau e Moçambique) desde 1961. Essas guerras esgotavam economicamente o país, provocavam isolamento internacional e geravam crescente descontentamento nas Forças Armadas e na sociedade portuguesa.
É neste ambiente que surge o livro "Portugal e o Futuro", publicado a 22 de fevereiro de 1974, da autoria do General António de Spínola, então vice-chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas. O livro teve um impacto político significativo, pois criticava a política colonial portuguesa e defendia uma solução política para as guerras coloniais. Foi um dos catalisadores do ambiente que levou ao 25 de Abril de 1974.
Portugal e o Futuro é um ensaio político e estratégico onde se analisa a situação de Portugal, focando-se especialmente na questão colonial. É feita faz uma crítica implícita ao regime, argumentando que a política seguida até então — baseada na recusa de negociar com os movimentos de libertação africanos — era insustentável. Spínola defende que a guerra colonial não podia ser ganha (apenas) pela via militar, pois não existiam condições económicas, políticas nem militares para sustentar uma guerra prolongada. Propõe, por isso, uma solução política negociada, com base na autodeterminação dos povos das colónias. Isto significava aceitar, pela primeira vez por parte de uma figura ligada ao regime, que os territórios coloniais não deveriam permanecer sob domínio português a todo o custo. Além da questão colonial, o livro aborda a necessidade de reformas internas, como a democratização progressiva do regime e a modernização económica e social do país.
A publicação de Portugal e o Futuro teve um impacto político profundo. Foi visto como um manifesto que abalou as estruturas do regime, abrindo espaço para a reflexão e o debate, sobretudo nas Forças Armadas, ajudando a contribuir para a criação do ambiente que levou ao golpe militar do 25 de Abril de 1974, que depôs o regime e deu início ao processo de descolonização e à construção da democracia em Portugal.
Após o 25 de Abril, Spínola tornou-se uma figura central no Movimento das Forças Armadas (MFA) e chegou a ser Presidente da República, embora por um curto período (15 Maio a 30 setembro de 1974).
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