quarta-feira, 26 de fevereiro de 2025

Livro: Coleção os Anos de Salazar vol 4 – 1936-1939 - Salazar, retaguarda de Franco.

Título: Coleção os Anos de Salazar vol 4 – 1936-1939 – Salazar, retaguarda de Franco - PARTE 1 - Tarrafal , o inferno em Cabo Verde.

Autor: António Simões do paço ( Coordenador) .

Editora: Centro Editor PDA

Impressão: Rodesa

Páginas: 205

Classificado na temática: Estado Novo.


A Colónia Penal do Tarrafal, também conhecido como "Campo da Morte Lenta", foi uma prisão política criada pelo regime ditatorial do Estado Novo português em 1936, perto da vila do Tarrafal, na ilha de Santiago, em Cabo Verde. Foi concebido para deter opositores políticos, sindicalistas, anarquistas, comunistas e antifascistas, especialmente aqueles que se opunham e resistiam ao governo de António de Oliveira Salazar, e era considerado, por todos os opositores, o destino mais terrível a que podiam ser condenados.

A Primeira fase (1936-1954)

 

O campo foi inaugurado em 29 de outubro de 1936, sob a dependência administrativa da Polícia de Vigilância e Defesa do Estado (PVDE), antecedora da PIDE ( Policia Internacional e de Defesa do Estado) e inspirado nos campos de concentração nazis e nos métodos repressivos utilizados pelo regime fascista de Benito Mussolini. Os primeiros prisioneiros, que para lá foram deportados, todos homens, eram portugueses, muitos dos quais participaram da Revolta dos Marinheiros de 8 Setembro de 1936, um levante contra o regime de Salazar, mas igualmente no 18 de Janeiro de 1934.

As condições de vida no Tarrafal eram extremamente severas, com temperaturas escaldantes, trabalho forçado, alimentação precária e péssimas condições sanitárias. A tortura e os castigos físicos eram frequentes, sendo um dos mais cruéis a chamada “frigideira”, uma cela minúscula e abafada onde os presos eram deixados por longos períodos sob um calor insuportável.

Dos muitos que ali perderam a vida fazem parte:

Mário Castelhano, destacado dirigente anarco-sindicalista português e secretário geral da CGT Confederação Geral do Trabalho. Nascido em 31 de maio de 1896, Castelhano foi preso devido à sua oposição ao regime ditatorial e deportado para o Tarrafal, em 1937, e onde faleceu a 12 de outubro de 1940, vítima das condições desumanas e da falta de assistência médica no campo. A sua morte simboliza a repressão do regime contra os movimentos operários e a luta pelos direitos dos trabalhadores. Hoje, seu nome é lembrado como um dos mártires da resistência antifascista e do ideário anarquista,em Portugal.

Veja a Biografia de Mário Castelhano ( in Portal Anarquista )


Bento Gonçalves foi um operário e militante comunista português que se tornou secretário-geral do PCP em 1929. Com a intensificação da repressão do regime do Estado Novo, foi preso em 1935 e enviado para o Tarrafal em 1936, onde foi submetido a condições desumanas. Faleceu em 1942, vítima de febre (malária) e negligência médica, que diagnosticando biliose, não lhe prestou assistência. Tornando-se um dos maiores símbolos da repressão do salazarismo contra o movimento comunista português.

A segunda fase (1961-1974)

Após um período de encerramento em 1954, o campo foi reaberto em 1961, com o nome de Campo de Trabalho do Chão Bom, para receber nacionalistas das colónias africanas que lutavam pela independência, principalmente de Angola, Guiné-Bissau e Cabo Verde. Muitos líderes dos movimentos de libertação, como membros do PAIGC (Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde) e do MPLA (Movimento Popular de Libertação de Angola), foram encarcerados no Tarrafal.

Encerramento e legado.

O Campo de Concentração do Tarrafal foi oficialmente encerrado em 1974, após a Revolução de 25 Abril de 1974 e o início do processo de descolonização. No total, mais de 30 prisioneiros morreram no campo, vítimas de doenças, torturas e das condições desumanas.

Hoje, o local abriga o Museu da Resistência, dedicado à memória dos presos políticos e à luta contra o colonialismo e a ditadura. O Tarrafal é um símbolo da repressão do Estado Novo, mas também da resistência e da luta pela liberdade nos países de língua portuguesa.

Continua...PARTE II - Salazar, retaguarda de Franco.

 

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sábado, 22 de fevereiro de 2025

Livro: No regresso vinham todos. Divulgação de acervo.

Título: No regresso vinham todos.

Autor: trabalho coletivo da Companhia de Infantaria nº 2549.

Editora: Portugália Editora – 1ª Edição,1975 / Editorial Notícias 2ª edição, 1997

Impressão: Compugráfica Lda

Páginas: 128 1ª edição.


Classificado na temática: Estado Novo.

 

1ª Edição - 1975

 Trabalho coletivo da Companhia de Caç. nº 2549, do Bat. Caç. nº 2879, comandada pelo então Capitão de Infantaria, Vasco Lourenço, mobilizada para a província ultramarina da Guiné , no ano de 1969, e aí permaneceu durante 2 anos. Conjunto de 48 pequenos grandes textos que refletem o sentimento de muitos dos militares da Companhia nº 2549, aquartelada em Cuntima (Nema, K3), povoação no norte da Guiné, onde cerca de centena e meia de homens viveram juntos, perigos, alegrias, tristezas. A companhia nº 2549 durante sua permanência no teatro de operações realizou a média de 160 saídas para o mato, e 3000 horas em operações. Vasco Lourenço recorda-nos ainda a importante obra de carácter social efetuada, obras nos aquartelamentos, os ensinamentos prestados à população, e ainda o tempo dedicado a alfabetizar muitos dos camaradas da companhia, e como Cmdt de Companhia ver cumprido o seu maior desejo "não perder nenhum dos meus homens".

 



Textos de:

- Capitão Q.P. Vasco Lourenço (Cmdt Compª)

- Alferes Milº. Ferreira (Manuel do Carmo Ferreira)

- Alferes Milº. Carvalho (Luís Fernando da Silva Carvalho)

- Furriel Leonel

- Alferes Milº Sampaio (João Borges Frias Sampaio)

- Furriel Paulo (Armindo Aníbal Pinto da Costa Paulo)

- Furriel Reis

- Furriel Mano Nunes (António Manuel Mano Nunes)

- Furriel Milº. Brotas (Francisco António Brotas

 

2ª Edição - 1999

  

Do Capitão Vasco Lourenço , o poema:

 



Para a memória futura e recordação de todos os que pertenceram à...

 


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terça-feira, 18 de fevereiro de 2025

Livro: Os Números da Desigualdade em Portugal. Divulgação de acervo.

Título: Os Números da Desigualdade em Portugal.

Autor: Eugénio Rosa (a).

Editora: Lua de Papel ( Grupo Leya) – 1ª Edição, 2015

Impressão: Multitipo

Páginas: 191


Classificado na temática: Princípios e Valores Humanistas.

 


O livro Os Números da Desigualdade em Portugal, de Eugénio Rosa, apresenta uma análise aprofundada sobre o agravamento das desigualdades sociais e económicas no país, destacando como as crises, Financeira Global (2008-2009) e da Dívida Soberana (2010-2014), acentuaram e afetaram desproporcionalmente as diferentes camadas da população. Enquanto os ricos continuaram a enriquecer, os pobres ficaram mais pobres e a classe média perdeu poder de compra, aumentando a tensão social e prejudicando o crescimento económico.

 

Através de dados rigorosos, mais de meio século, o autor expõe desigualdades muitas vezes ocultas, como a má distribuição da mais-valia gerada pelo trabalho e as discrepâncias nos impostos. O livro também aborda o impacto do custo da saúde e da educação, que pesa mais sobre os menos favorecidos.

Baseando-se em reflexões de economista como Carlos Farinha, Joseph Stiglitz, Mark Blyth e Thomas Piketty, Eugénio Rosa conclui que a desigualdade na distribuição de riqueza e rendimentos é um dos maiores obstáculos ao desenvolvimento económico de Portugal.

Os Números da Desigualdade em Portugal oferece um diagnóstico realista e urgente, alertando para as consequências sociais caso não haja uma inversão dessa tendência, com o risco de um futuro marcado por convulsões sociais.

(a) Eugénio Rosa é licenciado e doutorado pelo ISEG, publica o blog, www.eugeniorosa.com , dedicado a assuntos económicos e sociais, onde o leitor pode encontrar artigos e estudos.

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domingo, 16 de fevereiro de 2025

Livro: Viva a República 1910–2010 – Catálogo da Exposição do Centenário. Divulgção de acervo.

Título: Viva a República 1910–2010 – Catálogo da Exposição do Centenário.

Coordenação Cientifica: Luis Farinha.

Edição: CNCCR

Impressão: INCM

Páginas: 207


Classificado na temática: Revolução de 5 Outubro de 1910, Iª República.


A exposição "Viva a República 1910-2010", que teve como Comissário o Historiador Luís Farinha, celebrou o centenário da implantação da República em Portugal, explorando um século de transformações políticas, sociais e culturais no país. Realizada em 2010, a mostra abordou os eventos que levaram à Revolução de 5 de Outubro de 1910, destacando figuras históricas e os ideais republicanos (a Ideia Republicana). A exposição também analisou o impacto da República na educação, nos direitos civis e na identidade nacional, contextualizando as mudanças ao longo de 100 anos. Por meio de documentos, fotografias, objetos e recursos multimédia, a exposição convidou o público a refletir sobre o legado republicano na sociedade contemporânea.


Dos textos que acompanham a edição do catálogo, alguns encontram-se disponíveis na internet. Destacamos o do Prof. Joaquim Pintassilgo, a «A Utopia Demopédica da República» que está disponível no repositório digital da ULisboa (Universidade de Lisboa) e cuja leitura recomendamos. O da Profª Maria Fernanda Rollo intitulado «Economia no Tempo da I República», na página da autora, na Academia.edu.

 

Acervo BMR - Postal

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sábado, 15 de fevereiro de 2025

Livro: O Movimento Operário. Divulgação de acervo.

Título: O Movimento Operário.

Autor: Lúcio Craveiro da Silva (a).

Editora: Faculdade de Filosofia de Braga (b).

Impressão: Oficinas Gráficas da Livraria Cruz - Braga - 1957

Páginas: 162 numeradas


Classificado na temática: O Trabalho.

 

O livro procede, nas palavras do autor de «uma unidade de pensamento», escritos em ocasiões diversas, para momentos de conferências sociais, que tiveram como tema central a promoção da classe operária. Textos que novamente retocados e adaptados, juntos com outros estudos dão vida ao livro.

 

O autor parte da pergunta «Que se deve entender por movimento operário?» e desde logo orienta o seu pensar e o caminho a seguir no livro,  que podemos afirmar, conforme se depreende do excerto do prólogo do livro, ser o do sindicalismo católico.

Página 9

Página 10 

Página 11

 

(a) Lúcio Craveiro da Silva, S.J., (Covilhã, Tortosendo, 27 de novembro de 1914 – Braga, 13 de agosto de 2007) foi professor, escritor e jesuíta. Ordenado sacerdote em 1944, com doutoramento em Filosofia a 9 de novembro de 1951 com a tese «A Idade do Social, ensaio sobre a evolução da sociedade contemporânea. Foi Superior Provincial dos Jesuítas portugueses de 1960 a 1966. Em 1974, integrou a Comissão Instaladora da Universidade do Minho, tendo posteriormente exercido o cargo de reitor da mesma universidade de 1982 a 1986.

 (b) - fundada pela Companhia de Jesus em 1947, sendo a primeira instituição de ensino universitário de Braga. Atualmente Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais, pertence ao Centro Regional de Braga da Universidade Católica Portuguesa.

Cartaz  da J.O.C. - Juventude Operária Católica

 

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quinta-feira, 13 de fevereiro de 2025

Livro: Os Camisas Azuis, Ideologia , Elites e Movimentos Fascistas em Portugal – 1914- 1945. Divulgação de acervo

 

Título: Os Camisas Azuis, Ideologia , Elites e Movimentos Fascistas em Portugal – 1914- 1945.

Autor: António Costa Pinto

Editora: Editorial Estampa, 1994.

Impressão: Rolo & Filhos – Artes Gráficas Lda.

Páginas: 342 numeradas.

Classificado na temática: Estado Novo.

 

 O livro é uma versão resumida da Dissertação de Doutoramento, apresentada pelo autor, no I.U.E. - Instituto Universitário Europeu, Florença, em 1992, estruturada em três partes conforme índice abaixo.



 

O Nacional Sindicalismo em Portugal foi um movimento político de inspiração fascista, que emergiu nos finais dos anos vinte do século passado, início dos anos de 1930, liderado por Francisco Rolão Preto. Herdeiro de uma direita proveniente do Integralismo Lusitano, influenciado pelo fascismo italiano e no falangista Primo de Rivera em Espanha, o Nacional Sindicalismo defendia um Estado corporativo, nacionalista e anti-comunista, com ênfase na união entre patrões e trabalhadores através de sindicatos nacionais, em oposição à luta de classes.

Ideologia e Influências:

  • Defendia a criação de sindicatos nacionais que representassem tanto empregadores quanto empregados, eliminando conflitos de classe.

  • Era anti-parlamentar e contra os partidos políticos tradicionais, promovendo um Estado forte e centralizado.

  • Inspirou-se nos Camisas Negras de Mussolini em Itália, e nos Falangistas de Primo de Rivera em Espanha, adotando o uniforme de camisas azuis.


Ascensão e Repressão:

  • Ganhou força no início dos anos 1930, atraindo jovens e intelectuais insatisfeitos com a instabilidade política da Primeira República.

  • Tornou-se uma ameaça política para Salazar, que liderava o Estado Novo e tinha uma diferente visão organizacional para um Estado ditatorial e autoritário, mais conservadora e corporativista, porém menos revolucionária.

  • Em 1934, Salazar proibiu o movimento e reprimiu os seus líderes. Rolão Preto foi obrigado a exilar-se em Espanha.

Relação com o Estado Novo:

  • Apesar de algumas semelhanças ideológicas (como o anti-comunismo e o corporativismo), o Nacional Sindicalismo era visto como radical demais para Salazar, que temia a sua influência revolucionária e populista.

  • A repressão do movimento marcou a consolidação do Estado Novo como um regime ditatorial e autoritário e o fim pelo menos formal do Nacional Sindicalismo no espaço político nacional.

Imagem do livro

 

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segunda-feira, 10 de fevereiro de 2025

Livro: Por um Populismo de Esquerda. Divulgação de acervo.

Título: Por um Populismo de Esquerda.

Autor: Chantal Mouffe.

Editora: Gradiva Publicações S.A. 1ª Edição 2019.

Impressão: ACD PRINT, S.A.

Páginas: 101.


Classificado na temática: Princípios valores humanistas na sociedade.



Resumo do Livro.

Neste livro, Chantal Mouffe propõe uma reflexão sobre a necessidade de um populismo de esquerda como resposta à crise das democracias liberais. Contrariando a visão dominante que trata o populismo como uma ameaça, Mouffe argumenta que ele pode ser um instrumento legítimo e eficaz para transformar a política, desde que utilizado de forma estratégica pela esquerda.

A autora defende que o populismo não deve ser visto apenas como um fenómeno da extrema-direita. Pelo contrário, pode ser um meio para unir diferentes lutas progressistas sob um mesmo horizonte democrático. Para isso, é essencial construir um “nós” popular capaz de desafiar as elites dominantes e promover uma nova hegemonia política.

Mouffe analisou casos como o Syriza na Grécia, o Podemos na Espanha, o Labour no Reino Unido, La France Insoumise, de Jean-Luc Mélenchon, em França, o Die Linke na Alemanha, mesmo o Bloco de Esquerda em Portugal, destacando como esses movimentos incorporaram elementos populistas para mobilizar apoio. Além disso, menciona as experiências da América Latina, como os governos de Hugo Chávez na Venezuela e dos Kirchner na Argentina, que ilustram as potencialidades e desafios do populismo de esquerda.

A obra defende que, diante da ascensão do populismo de direita e da crise da social-democracia tradicional, a esquerda deve abandonar sua aversão ao populismo e adotá-lo como estratégia para reconquistar o espaço político e disputar o significado da democracia.


Crítica à obra

Por um Populismo de Esquerda é uma obra desafiante e provocadora, que questiona a visão convencional sobre populismo e sugere um caminho alternativo para a esquerda. O grande mérito do livro está na sua clareza argumentativa e na capacidade de Mouffe de ligar teoria política com exemplos concretos. Ao apoiar-se na tradição pós-marxista e no pensamento de Ernesto Laclau, a autora oferece uma visão inovadora sobre como mobilizar politicamente os setores populares.

No entanto, a obra apresenta algumas fragilidades e interrogações. Primeiramente, a defesa do populismo de esquerda ignora ou minimiza os riscos que esse modelo pode trazer. A ênfase na construção de antagonismos políticos pode reforçar a polarização, os extremismos e dificultar a formação de consensos democráticos. Além disso, a experiência de governos populistas de esquerda, especialmente na América Latina, demonstrou desafios institucionais significativos, como a concentração de poder e a fragilização das instituições democráticas – aspetos que Mouffe aborda apenas de maneira superficial. Exemplos recentes, a Venezuela, com eleições onde se questiona a validade das mesmas e a Argentina que conduziu ao poder um Populismo Ultra Liberal, anarco-capitalista, de Milei.

Outro ponto crítico é a falta de uma estratégia clara para operacionalizar esse populismo de esquerda no contexto europeu. Embora Mouffe aponte exemplos como Syriza e Podemos, Die Linke todos eles enfrentaram dificuldades para manter sua influência política e alcançar mudanças estruturais. Isso levanta a questão: o populismo de esquerda é realmente sustentável a longo prazo, ou é apenas uma resposta momentânea a crises políticas?

Por fim, a sua visão sobre o papel do "povo" como sujeito político pode parecer idealizada ou utópica. Ao rejeitar a visão de que setores populares são passivos ou manipuláveis, Mouffe procura reclassificar o conceito de povo como um ator político ativo. No entanto, a formação desse "nós" popular não é simples e pode ser capturada por lideranças carismáticas, algo que a autora não problematiza suficientemente.

Em conclusão, Por um Populismo de Esquerda é uma leitura essencial para quem quer entender os desafios e possibilidades da esquerda no século XXI. Embora apresente soluções desafiantes, deixa questões em aberto sobre os riscos e limitações desse modelo.

Deixe a sua opinião.


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domingo, 9 de fevereiro de 2025

Livro: A Moral Anarquista. Divulgação de acervo.

Título: A Moral Anarquista.

Autor: Piotr Alexeevich Kropotkine

Editora: Edições Sílabo. 1ª edição, 4ª Impressão, 2018.

Impressão: Europress Lda

Páginas: 134

Classificado na temática: Anarquismo.

 


Publicado em 1897, a obra defende que a entreajuda e a cooperação são princípios naturais e fundamentais para a sociabilidade humana e animal. O estudo inclui uma reflexão sobre diferentes conceções éticas ao longo da história, desde a filosofia cristã, passando pelo iluminismo até ao utilitarismo inglês.

 

 Kropotkine argumenta que a moral não é exclusiva dos humanos nem tem origem sobrenatural. Ele rejeita a visão tradicional que associa a moral a um Deus paternalista, a correntes místicas e critica a moral religiosa estabelecida, opondo-se ainda a uma moral imposta pelo Estado, na medida em que esta normalmente visa a manutenção da ordem e do privilégio. Para o autor, a origem da moral surge naturalmente do instinto de cooperação presente em diversas espécies, incluindo os seres humanos.

Apesar de defender a supressão da autoridade e da religião, Kropotkine não propõe um niilismo radical, ou uma total ausência de valores. Em vez disso, promove uma visão otimista da sociabilidade natural do ser humano, baseada num histórico de solidariedade crescente.

A moral anarquista transcende a simples equidade e igualdade, enfatizando a abnegação e a luta contra injustiças. A verdadeira moral, segundo Kropotkine, deve coincidir com o bem do indivíduo e o bem da espécie. Ele rejeita a moral baseada em sanções e defende uma ética fundada na liberdade total do indivíduo, na experiência e na criatividade. Para o autor, a moral anarquista deve ser entendida como um conselho, nunca como uma imposição de regras.

Como síntese, podemos referir que a moral, na perspetiva de Kropotkine, reside na liberdade do indivíduo, que tem sempre a última palavra sobre as suas próprias ações. Não é um sistema rígido, ou dito de outra forma uma imposição de uma regra de conduta, mas sim uma orientação baseada na cooperação, na solidariedade e na autodeterminação, por oposição à obediência cega a leis e dogmas.

Capas de outras edições:

 
A obra convida o leitor a uma reflexão sobre  a relação entre a moral e a natureza humana, será a primeira instinto natural ou necessita  ser ativamente cultivada? Servirá a moral imposta pelo Estado e pela religião mais para manter o poder ou promover o bem comum? Poderá a sociedade atual adotar princípios de uma moral anarquista ou será utópico?

Dê a sua opinião, publique-a nas páginas da BMR.

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sábado, 8 de fevereiro de 2025

Livro: O Movimento Operário em Portugal. Divulgação de acervo.

Título: O Movimento Operário em Portugal.

Autor: Campos de Lima.

Editora: Afrontamento. Maio de 1972,2ª Edição.

Impressão: Litografia Miranda e Rosa.

Páginas: 136


Classificado na temática: O Trabalho – Movimento Operário.

 

O livro O Movimento Operário em Portugal, de Campos Lima, publicada pela primeira vez em 1910, é uma dissertação, apresentada na cadeira de Ciência económica, no ano letivo de 1903-1904, na faculdade de Direito, sobre a história e evolução do movimento operário português.

Índice

O autor refere a complexidade do tema e as dificuldades encontradas na elaboração do trabalho, que teve que ser feito com limitações de tempo e recursos. Divide o estudo em duas partes:

  1. Aspeto económico – Aborda a situação dos trabalhadores, as condições de trabalho e os impactos da organização social na classe operária.

  2. Aspeto político – Analisa as lutas operárias, a oposição à classe burguesa e a influência do socialismo, anarquismo, sindicalismo revolucionário e do pensamento do movimento. Da Bibliografia de apoio ao livro constam obras de conhecidos anarquistas como Kropotkine, Elisée Reclus, Jean Grave.

Campos Lima enfatiza que o movimento operário está ligado à transformação social e que a sua coesão depende dos ideais revolucionários. O Autor também admite que a obra apresentada possui lacunas e limitações, mas reforça a intenção de ter realizado um estudo honesto e bem fundamentado sobre a luta dos trabalhadores em Portugal.

Em esclarecimento à edição de 1972, César Oliveira refere que «um dos problemas mais importantes para o estudo do movimento operário em Portugal é o de procurar determinar as influências ideológicas nele determinantes, procurar saber quando, como e porquê foram adotadas difundidas correntes ideológicas determinadas (socialismo, anarquismo, sindicalismo revolucionário)».

Quem foi e que pensamento professava, Campos Lima?

João Evangelista de Campos Lima (Porto,? — Lisboa, 15-3-1956), professor, jornalista, escritor e advogado, foi um dos mais destacados libertários  portugueses( de tendência anarquista), fortemente engajado na organização e ação do movimento operário português. Enquanto ainda estudante teve um papel destacado na greve da Universidade de Coimbra (1907), em virtude da qual, conjuntamente com Pinto Quartim e outros,foi expulso, escrevendo então o livro a “Questão da Universidade - Depoimento de um estudante expulso” (Coimbra, 1907)


Colaborou, tanto em Coimbra, como em Lisboa, em diversas revistas e jornais. A título de exemplo, entre muitos outros, o jornal anarquista «A Batalha», mas também «O Século» e o «Diário de Noticias». Fundou o Núcleo de Educação Anarquista (1906), que editava o Jornal Anarquista "A ÉRA NOVA".

 

Nos anos vinte dirigiu a sua própria editora Spartacus, cujas publicações eram por ele mesmo compostas e impressas e que em Portugal divulgou, entre outras, a obra de P. Archinoff sobre o anarquismo ucraniano de Nestor Makno.

 

Da vasta obra, literária e social, de Campos de Lima, destacamos:

- A Questão Social (Coimbra, 1906) - leia.


A Teoria Libertária ou o Anarquismo (Lisboa, 1926) - leia.

 


Quanto à data de nascimento de Campos Lima, o Blogue Almanaque Republicano, onde foi abordada  a questão da data correta do seu nascimento, face às fontes de informação disponíveis, não retirou certezas, dando-a como inconclusiva e em estudo.

Campos Lima foi, enquanto estudante em Coimbra, iniciado na Maçonaria na Loja Fernandes Tomás, da Figueira da Foz, em 1906, com o nome simbólico de «Kropotkine» (importante anarquista russo). Com a ida para Lisboa, em 1908, foi admitido na Loja Montanha (ao que se diz com ligações, à época, à Carbonária), de onde saiu para fazer parte do quadro que fundou a Loja Paz. Loja à qual pertenceu outro prestigiado anarquista, Sobral de Campos (fundador do Partido Comunista Português) e mais tarde, ainda, um outro importante oposicionista à Ditadura Militar e ao Estado Novo, o Major Piloto Aviador Sarmento Beires. Esta loja do Grande Oriente Lusitano Unido, defendia e redigiu um programa socialmente progressista, muito próximo do anarquismo e do sindicalismo revolucionário.

Muito ainda se poderia dizer e escrever sobre a atuação e pensamento de Campos de Lima, nomeadamente a sua também ligação a projetos ligados à Educação, tema muito caro ao movimento anarquista, cabendo ao leitor interessado efetuar essa procura.

Fontes consultadas: Portal Anarquista, Blogue Almanaque Republicano, Fundação Mário Soares.

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Livro: O REVIRALHO – Revoltas Republicanas contra a Ditadura e o Estado Novo, 1926-1940.

Título: O REVIRALHO – Revoltas Republicanas contra a Ditadura e o Estado Novo, 1926-1940- . Autor: Luís Farinha. Editora: Editorial Est...