Título: Coleção os Anos de Salazar vol 4 – 1936-1939 – Salazar, retaguarda de Franco - PARTE 1 - Tarrafal , o inferno em Cabo Verde.
Autor: António Simões do paço ( Coordenador) .
Editora: Centro Editor PDA
Impressão: Rodesa
Páginas: 205
Classificado na temática: Estado Novo.
A Primeira fase (1936-1954)
O campo foi inaugurado em 29 de outubro de 1936, sob a dependência administrativa da Polícia de Vigilância e Defesa do Estado (PVDE), antecedora da PIDE ( Policia Internacional e de Defesa do Estado) e inspirado nos campos de concentração nazis e nos métodos repressivos utilizados pelo regime fascista de Benito Mussolini. Os primeiros prisioneiros, que para lá foram deportados, todos homens, eram portugueses, muitos dos quais participaram da Revolta dos Marinheiros de 8 Setembro de 1936, um levante contra o regime de Salazar, mas igualmente no 18 de Janeiro de 1934.
As condições de vida no Tarrafal eram extremamente severas, com temperaturas escaldantes, trabalho forçado, alimentação precária e péssimas condições sanitárias. A tortura e os castigos físicos eram frequentes, sendo um dos mais cruéis a chamada “frigideira”, uma cela minúscula e abafada onde os presos eram deixados por longos períodos sob um calor insuportável.
Dos muitos que ali perderam a vida fazem parte:
Mário Castelhano, destacado dirigente anarco-sindicalista português e secretário geral da CGT Confederação Geral do Trabalho. Nascido em 31 de maio de 1896, Castelhano foi preso devido à sua oposição ao regime ditatorial e deportado para o Tarrafal, em 1937, e onde faleceu a 12 de outubro de 1940, vítima das condições desumanas e da falta de assistência médica no campo. A sua morte simboliza a repressão do regime contra os movimentos operários e a luta pelos direitos dos trabalhadores. Hoje, seu nome é lembrado como um dos mártires da resistência antifascista e do ideário anarquista,em Portugal.
Veja a Biografia de Mário Castelhano ( in Portal Anarquista )
Bento
Gonçalves
foi um operário e militante comunista português que se tornou secretário-geral
do PCP em 1929.
Com a intensificação da repressão do regime do Estado
Novo,
foi preso em 1935 e enviado para o Tarrafal em 1936, onde foi
submetido a condições desumanas. Faleceu
em 1942, vítima de febre (malária) e negligência médica,
que diagnosticando biliose, não lhe prestou assistência. Tornando-se
um dos maiores símbolos da repressão do salazarismo contra o
movimento comunista português.
A segunda fase (1961-1974)
Após um período de encerramento em 1954, o campo foi reaberto em 1961, com o nome de Campo de Trabalho do Chão Bom, para receber nacionalistas das colónias africanas que lutavam pela independência, principalmente de Angola, Guiné-Bissau e Cabo Verde. Muitos líderes dos movimentos de libertação, como membros do PAIGC (Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde) e do MPLA (Movimento Popular de Libertação de Angola), foram encarcerados no Tarrafal.
Encerramento e legado.
O Campo de Concentração do Tarrafal foi oficialmente encerrado em 1974, após a Revolução de 25 Abril de 1974 e o início do processo de descolonização. No total, mais de 30 prisioneiros morreram no campo, vítimas de doenças, torturas e das condições desumanas.
Hoje, o local abriga o Museu da Resistência, dedicado à memória dos presos políticos e à luta contra o colonialismo e a ditadura. O Tarrafal é um símbolo da repressão do Estado Novo, mas também da resistência e da luta pela liberdade nos países de língua portuguesa.
Continua...PARTE II - Salazar, retaguarda de Franco.
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