terça-feira, 15 de abril de 2025

Revista "História" nº 2 - Dezembro 1978. Divulgação de acervo.

Título: Revista “HISTÓRIA” nº 2Dezembro 1978.

Sub-título:

Impressão: Jornal do Comércio,1978

Páginas: 96 - numeradas

Classificado na temática: Geral.


O nº 2 da revista História saiu para circulação em Dezembro de 1978.

 


Na capa quadro, de J.M. Price, representando a esquadra imperial russa do Báltico preparando-se para deixar a sua base de Kronstadt, próximo de Petrogrado (São Petersburgo).

O destaque da capa para dois temas, «Afonso Costa e sua época» texto da autoria do Prof. Oliveira Marques e «A revolução russa» da autoria de José Freire Antunes.

 

A vida e a época de Afonso Costa de A.H de Oliveira Marques.

Aos 6 de março de 1871 nasce, em Seia, Afonso Augusto Costa. Reina então em Portugal  D. Luís I, e preside ao Governo Fontes Pereira de Melo. O país vivia período de desenvolvimento e melhoramentos de infraestruturas e financeiros, porém contrariamente ao que se podia esperar a crise política, económica, financeira  está à porta e instala-se.

Em Janeiro de 1890, Reina D. Carlos I, o Governo Britânico envia ao seu congénere Português um «Ultimatum», intimando-o a evacuar  imediatamente todas as forças atuantes nos territórios  compreendidos entre Angola e Moçambique. Era o fim do «mapa cor de rosa». Em Coimbra, a 23 de março, os estudantes António José de Almeida e  Afonso Costa  publicam um artigo, intituado « A Federação Académica»onde defendem a queda do regime pela via  revolucionaria:


 

Por este artigo,Afonso Costa é querelado, julgado e absolvido, por abuso de liberdade de imprensa, tendo sido seu defensor Sebastião de Magalhães Lima. A 31 Janeiro 1891 dá-se no Porto a primeira tentativa revolucionária pela armar de derrubar a monarquia, a qual fracassa.

Em 1905, advoga na Cidade do Porto, dado que desde 1903 por problemas de saúde abandonou as aulas de Professor na Universidade de Coimbra. O ano de 1905 -1906 vê estalar na Rússia uma revolução. Amotina-se o Couraçado Potenkin, dão-se recontros em São Pertersburgo e noutras cidades entre revolucionários e forças repressivas. O mundo republicano vibra de emoção. Afonso Costa publica na sua crónica semanal, no jornal O Mundo , a «Nota Vermelha»:

 

Em Portugal começam também as convulsões. Amotina-se o Cruzador D. Carlos. Os Republicanos colocam-se do lado dos marinheiros amotinados e criticam as formas de repressão monárquicas. A crise económica agrava-se o défice aumenta sendo visto como incapacidade governativa de um regime. Afonso Costa é eleito para o Diretório do Partido Republicano e também Deputado no Parlamento. Em intervenção na Câmara dos Deputados tem inúmeras intervenções. Voltando-se para João Franco , chefe do governo:

 



A Monarquia caminha para o seu fim a 5 de Outubro de 1910. Afonso Costa torna-se ministro da republica sendo "porventura entre 1910 e 1930, o mais querido e odiado dos Portugueses. O seu nome simbolizou toda uma política mesmo um regime, até. Endeusaram-no  como talvez ninguém neste país".

Vem a falecer de ataque cardíaco, em Paris, a 11 Maio de 1937, tendo os seus restos mortais sido transladados para Portugal, em 1971 já Salazar morto, encontrando-se sepultado em Seia no jazido da família.

- A Revolução de Outubro e a grande esperança Marxista de José Freire Antunes. 


Os acontecimentos de Petrogrado, que sucederam à revolução de Fevereiro de 1917, que depuseram o regime Czarista e deu lugar a uma dualidade de poderes: um Governo provisório suportado pela burguesia industrial e agrária, que preconizava uma democracia institucional; e os Sovietes, órgãos da vontade dos operários fabris, campesinato pobre,  soldados e marinheiros que queriam levar mais  fundo a transformação da sociedade russa. Os Bolchevique sob o lema "O Pão, a Paz , a Terra" conquistam o apoio dos operários, camponeses, soldados e marinheiros, consequentemente a maioria nos Sovietes.

O texto apresenta 4 pontos para o triunfo da Revolução.

- A Revolução de Outubro triunfou, sem grande derramamento de sangue, porque a burguesia, afastado estado pelos Bolcheviques, estava débil, não dispunha de iniciativa política nem capacidade económica para patrocinar a causa da democracia institucional.

- A Revolução de Outubro triunfou, porque a sua classe dirigente foi o operariado russo.Não obstante menos instruída, política e culturalmente, que a sua congénere  da Europa desenvolvida, tornara-se mais forte e capaz da experiência do fogo das barricadas; não sofria grande pressão da aristocracia operária; conquistou para a sua causa o campesinato pobre, a maioria do povo russo.

A Revolução de Outubro triunfou, porque os povos da Rússia puderam contar com uma direção de um partido coeso e inflexível, superiormente conduzido por um político genial, Lenine.

A Revolução de Outubro triunfou, porque deu-se quando a Grande Guerra  estava no auge, As grande potencias da época, divididas em dois campos, demasiado atarefadas no teatro da guerra e a nova partilha do Globo, tinham no momento, pouca margem e capacidade de intervenção para impedir  o triunfo bolchevique. As castas  dominantes na Europa, optaram por couraçar-se para evitar o Bolchevismo, que se anunciava ao velho continente ( os anos 30 são disso prova).

A revolução Russa,  surgiu como um poderoso movimento de inversão da história, onde milhões de pés descalços, sem nada a perder, que não fosse as algemas, a prisão , a morte, realizaram a primeira concretização  da grande esperança marxista. Ninguém, simpatizante ou adversário do marxismo, seja qual for a opinião que tenha do posterior destino da revolução, , poderá escamotear  a transformação operada no Mundo sob a bandeira de uma jovem doutrina.

Passados quase 110 anos estará o marxismo morto???!!!

 

Visite e siga a ...

B.M.R. - Biblioteca Memória e Revolução.

Blog: lugardolivro2024.blogspot.com

facebook:BMR@bmr.998810

Mail: bibliotecabmr.2024@gmail.com


 

 



sexta-feira, 11 de abril de 2025

Livro: CAPITÃO DE ABRIL - Histórias da Guerra do Ultramar e do 25 de Abril - Depoimentos. Divulgação de acervo.

Título: CAPITÃO DE ABRIL - Histórias da Guerra do Ultramar e do 25 de Abril - Depoimentos.

Autor: Salgueiro Maia.

Editora – Editorial Notícias.

Impressão: Gráfica Manuel Barbosa & Filhos Lda. 1994

Páginas: 164 - numeradas


Classificado na temática: Revolução de 25 Abril de 1974.


O livro, do mais emblemático “Capitão de Abril”, escrito em jeito de narrativa com traços autobiográficos e de memória, em tom sério e de reflexão, numa relação crítica sobre um período histórico de do Portugal contemporâneo que conheceu a guerra, a opressão e luta pela liberdade. O autor posiciona-se como alguém que viveu os fatos relatados e que deseja deixar um registo não apenas documental, mas também com valor simbólico e pedagógico.

Com prefácio de Vasco Lourenço e depoimentos de Francisco Sousa Tavares, Carlos Matos Gomes, Manuela Cruzeiro e Vasco Lourenço.

Índice


 

Salgueiro Maia oferece-nos um livro em duas partes, a primeira «Os difíceis caminhos da Liberdade» narra um conjunto de episódios e acontecimentos da guerra colonial, e uma segunda parte intitulada «Crónica dos feitos por Abril» relata o percurso de Salgueiro Maia desde a entrada e a sua participação e visão dos acontecimentos de 25 Abril de 1974 até ao 25 de Novembro de 1975.

 

O Natal - página 55
 
Página 100
 

Poema, dedicado a Salgueiro Maia,  escrito por Manuel Alegre


Visite e siga a ...


B.M.R. - Biblioteca Memória e Revolução.

Blog: lugardolivro2024.blogspot.com

facebook:BMR@bmr.998810

Mail: bibliotecabmr.2024@gmail.com


 

quarta-feira, 9 de abril de 2025

Livro: A Praça da Canção. Divulgação de acervo.

Título: Praça da Canção - 1965 / O Canto e As Armas - 1967.

Autor: Manuel Alegre

Editora – Publicações Dom Quixote

Impressão: Gráficas Verona SA – 2003 – 2ª Edição

Páginas: 232 - numeradas


Classificado na temática: Personalidades e autores.



O livro Praça da Canção, de Manuel Alegre, foi publicado em 1965 e é uma das obras mais marcantes da poesia de resistência portuguesa contra a ditadura do Estado Novo.

"Nasci em Maio, o mês das rosas, diz.se. Talvez por isso eu fiz da rosa a minha flor, um símbolo, uma espécie de bandeira para mim mesmo".

"Porém nessa manhã ( não posso dizer ao certo porque não tinha relógio,mas talvez - quem sabe? - ás dez e um quarto, que foi a hora em que eu nasci), o carcereiro entregou-me, já aberta, uma carta de minha mãe. E ao desdobrar as folhas  que vinham dentro do sobrescrito violado, a pétala vermelha, de uma rosa vermelha, caiu, como uma lágrima de sangue, no chão da minha cela.".

Praça da Canção, ABRIL

escrito, antes de ABRIL, durante o exílio do autor em Argel, o livro reúne poemas que expressam a revolta contra a repressão política, o sofrimento causado pela guerra colonial, e o desejo de liberdade e justiça social. Praça da Canção tornou-se um símbolo da luta contra a censura e a opressão em Portugal, sendo muito difundido clandestinamente.

Os temas principais da obra são:

  • A denúncia da guerra colonial;

  • O sofrimento do povo português;

  • O exílio e a saudade da pátria;

  • A esperança na liberdade e na revolução.

O tom dos poemas é muitas vezes de indignação, tristeza, mas também de esperança. A linguagem é simples, direta, e cheia de emoção, o que faz com que o livro comunique de forma poderosa com o leitor.

Dois Poemas:

 


 
 



Abril nasceria, anos mais tarde, em 1974, numa serena madrugada.


Visite e siga a ...


B.M.R. - Biblioteca Memória e Revolução.

Blog: lugardolivro2024.blogspot.com

facebook:BMR@bmr.998810

Mail: bibliotecabmr.2024@gmail.com

domingo, 6 de abril de 2025

Título: Revista “HISTÓRIA” nº1 – Novembro 1978.

Título: Revista “HISTÓRIA” nº1 – Novembro 1978.

Sub-título: Os Militares e a Política. Do 28 de maio ao 25 Abril.

Impressão: Jornal do Comércio,1978

Páginas: 80 - numeradas


Classificado na temática: Geral.

Em Novembro de 1978, 4 anos anos após Abril de 1974, as Publicações Projornal, que detinha o semanário «O Jornal», lançava um novo projeto editorial, a revista “História”, com o preço de venda ao público de 50 escudos(1) e periodicidade mensal.

 

Na capa ilustração de Leal da Câmara originalmente publicada no número de 22 de Outubro de 1910 da revista francesa «L`Assiette au Beurre», inteiramente dedicada a revolução republicana portuguesa, gentilmente cedida pela Casa Museu Leal da Câmara, Rinchoa (Sintra). Ilustração que serviu igualmente de suporte, para a propaganda republicana, em postais ilustrados.

 

Postal ilustrado - acervo BMR

O destaque da capa para dois temas, «Portugal de 1850 ao Princípio da República» por Joel Serrão(2) e «Os militares e a política.Do 28 de maio ao 25 de Abril» da autoria de José Freire Antunes(3).


Estrutura e Sumário

Foi primeiro Diretor da revista Luís Almeida Martins (n.1947), Jornalista e escritor, licenciado em Filologia Românica pela Faculdade e Letras da Universidade de Lisboa. Dos colaboradores da revista neste número consta um vasto leque de prestigiados e reconhecidos académicos. Com algumas surpresas, para alguns leitores, a título de exemplo a ligação de Alberto Cutileiro ao colecionismo de figurinos militares (ver video), e que assumia a responsabilidade dos artigos, publicados na revista, sobre esta matéria.

A revista propunha-se preencher uma lacuna verificada no panorama editorial  do Portugal dos anos 70, pós 25 Abril de 1974. Procurava divulgar e dar a conhecer a História, com objetivo didático,  compatibilizando a qualidade dos textos, não necessariamente longos e pesados, com uma linguagem clara e acessível a todos, viajando no tempo da antiguidade à atualidade. A revista na sua estrutura editorial propunha 4 rubricas fixas, a saber, Notícias, Figurinos Militares, Livros e Jogos de Guerra, esta ultima da responsabilidade de Vitor Amorim (Blogue do autor).

Dos dois textos da capa, destacamos  o de José Freire Antunes intitulado  «Dos tenentes de Maio aos capitães de Abril (os militares Portugueses do século XX)», -  página 26 a 31-,  pela sua atualidade e curiosidade do seu final.

 


O artigo é estruturado em 7 partes e aqui, neste resumo, com alguma criatividade, e não exatamente cópia do original, mas sem o ferir, ficam as  ideias chave e linhas condutoras.

- Iª - nas palavras do autor o artigo escrito, que inicialmente seria restrito à intervenção militar de 28 de maio de 1926, evoluiu no seu todo, para um conjunto  de umas quantas "reflexões avulsas e naturalmente controversas, sobre o papel das Forças Armadas na sociedade Portuguesa do século XX".

- IIª - Diz-nos Freire Antunes, que as Forças Armadas, um dos pilares do Estado, não são apolíticas, e não estão imunes ás crises económicas, ás convulsões sociais   e às ruturas políticas. Constata que de 1820 a 1974 os marcos históricos principais revestiram a natureza de golpe militar, e o "poder político brotou da ponta das baionetas", refere-se obviamente ao 5 Outubro de 1910, ao 28  de Maio de 1926 e por último ao  25 de Abril de 1974, este ultimo, dizemos nós, em que, simbólica e poeticamente, a baioneta se fez substituir pelo Cravo, o que  em nada altera a exata afirmação de José Freire Antunes.

- IIIª - Dedicada aos 16 anos de duração da Primeira República (se a esta dermos como tempo de vigência Outubro de 1910 a Maio de 1926)  o texto alerta para a fracassada, porém patriótica  intenção, por parte da República, através do partido Democrático de republicanizar e democratizar os militares confinando-os aos quarteis, «felizes e impolíticos», acrescentando ainda sobre esses mesmos militares «Políticos para defender a Republica, impolíticos para a atacar».

Mas tudo mudaria após a IWW. Os militares tornar-se-iam atores do espaço político entre 1917 a 1926, chefiando vários dos 26 governos empossados. Recordando: Sidónio Pais (1917-1918), Canto e Castro (1918 ), Tamagnini Barbosa (1918-1919), Sá Cardoso (1920),António Maria Batista (1920), António Granjo (1920), Alavaro de Castro (1920), Liberato Pinto (1920-1921), Manuel Maria Coelho (1921), Carlos Maia Pinto (1921), Francisco Cunha Leal (1921-1922), Alfredo Gaspar (1924), Vitorino Guimarães (1925),  todos eles com formação militar, alguns dos quais ocuparam  função mais que uma vez.

A ditadura militar de 1926, que liquida a Iª republica, nasce  do fracasso da esquerda portuguesa, incapaz  de promover e levar a cabo um projeto político nacional que que concretizasse as expectativas  e anseios resultantes do 5 de Outubro de 1910.

- IVª -  Os militares foram a força e o medo de Salazar. Elevado por aqueles ao cume do Estado, tinha noção que só permaneceria com o amparo e abstinência dos militares, de quem desconfiava e procurou anestesiar. Seguindo Maquiavel, recompensou os militares, nomeando-os governadores provinciais, distritais, cmdts de polícia, administradores de empresas e de serviços públicos. Como cereja no topo do bolo concedeu-lhes o lugar de presidente da República e assim foi até 1974 ( Óscar Carmona, representante do Exército, Francisco Craveiro Lopes, da Aeronáutica, Américo Tomás da Armada. Adormecido o Exército,  silenciados os armas nos quartéis, o exército tornou-se a guarda pretoriana do regime, "tudo a bem da nação". Faça-se então a pergunta , e a bem dos Militares? Diz-nos José Freire Antunes que do "bem dos militares" talvez não. A Meritocracia, foi muitas vezes esquecida, a delação elevada a virtude militar, o filtro ideológico passou a vigorar nas escolhas efetuadas, «a PIDE invadia as casernas , o patriarcado abençoava» e um capitão sem Estado-Maior mandava mais que generais.

Vª - Tanto em 1926 como em 1974, não obstante com resultados opostos as Forças Armadas, podendo-se ler aqui maioritariamente o Exército, não obstante resultados diferentes  agiram por idênticas, iniciais ou no todo, razões profissionais, económicas e sociais. Os Tenentes de Maio foram a força motriz do Golpe 1926 e precisavam de um General com cabeça. Os Tenentes de Maio sentiram-se prejudicados pela Lei da Milícia de 1921 , que abria  as portas do exército aos milicianos, retardando a promoção a capitão dos oficiais do QP. Problema similar  motivou, 48 anos depois, os "Capitães de Abril", atente-se ao Decreto-Lei 35373 de 13 de Julho de 1973 ( ler), rastilho  que despoletou o Movimentos dos Capitães tinha um triplo objetivo, profissionalizar os milicianos, promover muito destes ao posto de Major porque tinham idade mais avançada, portanto menos própria para o Cmd de companhias, retardando a promoção de capitães menos jovens, aumentado assim a permanência no posto, e isto afetava principalmente os  oficiais exclusivamente formados na Academia Militar e portanto não oriundos de Milicianos.

VIª - O impacto da crise económica (diminuição do poder de compra, inflação galopante) fazia com que a classe política da Iª Republica fosse odiada pelos Tenentes de Maio. Igualmente o agravamento do custo de vida,  e corte de regalias, afetava os subalternos e capitães de Abril, não já exclusivamente oriundos da aristocracia, mas de vários extratos da classe média, que se sentiam sufocados e atirados para uma guerra sem fim, em nome de um regime e sistema que ia ruindo e apodrecendo. Foi este espírito de sentir e esta noção da realidade e de revolta que conseguiu unir oficiais de patentes diversas e com diferentes sensibilidades e consciências políticas.

VIIª - Diz-nos Freire Antunes que durante o século XX  a população portuguesa viu a instituição castrense, como um exército de salvação, capaz de responder positivamente aos seus  anseios e esperanças, que não via serem respondidas e concretizadas pela classe política, assistindo sim «ao espetáculo de castas dirigentes entregues ao doce narcisismo de bastidores, sugando os cofres públicos».

Recordando:

- Em 5 Outubro de 1910, o Partido Republicano Português sobe ao poder aos ombros  das Forças Armadas, por ação  de um grupo de soldados e sargentos, comandados por um oficial de administração Naval.

- Em 1917  o mito de um major, Sidónio Pais, presidente-rei, qual Dom Sebastião, amado por todos, mas que a 14 Dezembro de 1918, já tendo escapado ileso a uma anterior tentativa de assassinato,  cai baleado na estação do Rossio, deixando vaga uma cadeira, que só será ocupada 8 anos depois.

- Em 28 de maio de 1929 , «as Forças Armadas funcionaram como uma espécie  de partido antipartidos, destroçando o edíficio parlamentar». A cadeira volta a ser ocupada, Salazar é o senhor que e segue, nela permanecerá longos anos. Vieram Norton de Matos e Humberto Delgado, porém o mesmo Senhor permaneceu sentado na cadeira.

- Em 1974 os militares voltaram a sair à rua e em menos de 24 horas destroçaram um regime apodrecido, gasto, e cansado , trazendo de novo ao povo a esperança e o que  este tanto ambicionava, a Democracia. Era Dom Sebastião que voltava já não montado num cavalo branco mas numa chaimite. E Abril trouxe outros Dom Sebastião, como o autor nos faz lembrar Sebastião de Spínola, Vasco Gonçalves, Otelo, Pires Veloso, Galvão de Melo, Pinheiro de Azevedo, Ramalho Eanes.

Em 1978, José Freire Antunes , termina o seu texto  escrevendo «E no futuro mais do que ás inaptas capelas partidárias, os conservadores portugueses, órfãos das colónias, desnorteados e com a mitologia dos séculos, ás costas, vão apelar aos D. Sebastião de quatro estrelas.».

Oh Portugal...Portugal, assim foi e assim poderá voltar a ser...


1 Em 1978 o salário mínimo nacional, em escudos, variava conforme o sector de atividade. Comércio e serviços 5700$00, sector agrícola 4500$00, serviço doméstico 3500$00. O preço da revista representava no máximo 1,5% do salário mínimo mais baixo. 

2 Joel Justino Baptista Serrão (1919-2008), Licenciado em Ciências histórico-Filosóficas pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, Professor em diversos graus de ensino e estabelecimentos, entre os quais Instituto Superior de Economia da Universidade Técnica de Lisboa, Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, e faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. Agraciado com a comenda da Ordem da Liberdade. Membro do conselho de Administração da Fundação Calouste Gulbenkien.

3 José Freire Antunes (1954-2015), Historiador, Mestre em Relações Internacionais , pela Faculdade de Ciências da Comunicação da Universidade Complutense de Madrid, Adjunto político do Primeiro Ministro Aníbal Cavaco Silva, Deputado da república na X legislatura ( 2005-2009). Autor de diversos livros

Visite e siga a ...

B.M.R. - Biblioteca Memória e Revolução.

Blog: lugardolivro2024.blogspot.com

facebook:BMR@bmr.998810

Mail: bibliotecabmr.2024@gmail.com

 

sábado, 5 de abril de 2025

Livro: Razões da Presença de Portugal no Ultramar. Divulgação de acervo.

 

Título: RAZÕES DA PRESENÇA DE PORTUGAL NO ULTRAMAR.

Sub-título: Excertos dos discursos proferidos pelo Presidente do Conselho de Ministros Prof. Doutor Marcello Caetano.

Impressão: 1971

Páginas: 52 - numeradas


Classificado na temática: Estado Novo.

 


Excertos dos discursos proferidos por Marcello Caetano entre 1968 e 1971 apontando os motivos para a presença e continuidade de Portugal no chamado Ultramar. O primeiro império global da história, o mais antigo império colonial da época do Estado moderno, não obstante nunca Portugal se tenha oficialmente reconhecido como “império”, havia ao longo da sua já longa história, perdido parte dos seus territórios, de oriente a ocidente, restando em 1960, a oriente os territórios de Goa, Damão e Diu, Macau e Timor, a sul Cabo Verde, Guiné, Angola, São Tomé e Príncipe, Moçambique.

 

 página 5

Antevia-se e preparava-se o espírito militar para o que em 14 de Abril de 1961 (carregue) era anunciado ao País pelo então Presidente do Conselho de Ministros Prof Doutor Oliveira Salazar.

O Ultramar Português desde 1961, em algumas das suas províncias ultramarinas, vivia uma guerra colonial que contribuiu decisivamente para o golpe militar de 25 de Abril de 1974. A guerra estendia-se a três frentes, os teatros de Operações de Angola desde 1961, Guiné com início 1963 e Moçambique em 1964. Não obstante o início oficial da Guerra seja para muitos 15 de Março de 1961, data do massacre de colonos no norte de Angola, levado cabo pela UPA. Os historiadores admitem que o início do conflito tenha ocorrido antes e esteja associado ao assalto às prisões de Luanda em 4 de Fevereiro de 1961. Não obstante esta ação tenha acontecido em cenário urbano, o terreno onde desenrolaram os combates, ao longo dos anos de guerra, foi “O mato” e a tipologia do conflito considerado como Guerra de guerrilha, que obrigava Portugal a manter, em permanência no terreno um considerável numero de efetivos. O dispositivo militar de referência foi o batalhão/companhia, resultando daqui a importância dada aos Capitães, e com o tempo a necessidade de ver o seu número aumentado, só conseguido com o recurso ao quadro de milicianos, dado que com o decorrer do conflito o número de candidatos à Academia Militar, para formação de oficiais do quadro permanente foi diminuindo. Quanto à organização e implantação organização no terreno optou-se pela conhecida “quadricula”. O número de efetivos do Exército, ramo das Forças Armadas sobre quem recaiu o maior esforço de guerra, recrutados na metrópole, nos três teatros de operações, terá atingido em 1973, aproximadamente 150,000 homens. O número de mortos ao longo, dos 13 anos, do conflito atingiu 8290 militares dos quais 4027 em combate, e um número estimado de deficientes de 15507 (in (Guerra Colonial , Editora: Diário Noticias, autores Carlos Matos Gomes, Aniceto Afonso). Os custos da Guerra aumentaram fortemente ao longo do período do conflito, sendo que as despesas Extraordinárias do Estado passaram a ser durante todo o período da guerra superiores às despesas Ordinárias, o que revela a magnitude do esforço financeiro suportado.

Excertos dos discursos do Prof Marcello Caetano retirados do livro:

 1) Defendemos,..., a própria civilização.


página 11

 2) ADIANTE!, ..., para a frente.


página 21

 3) Estarão comigo,..., todos os Portugueses.


 
página 52

... a resposta chegou 23 dias e 3 anos depois.

Visite e siga a ...

B.M.R. - Biblioteca Memória e Revolução.

Blog: lugardolivro2024.blogspot.com

facebook:BMR@bmr.998810

Mail: bibliotecabmr.2024@gmail.com

quinta-feira, 3 de abril de 2025

Livro: NO LIMITE DA DOR – A TORTURA NAS PRISÕES DA PIDE. Divulgação de acervo

Título: NO LIMITE DA DOR – A TORTURA NAS PRISÕES DA PIDE.

Autor: Ana Aranha e Carlos Ademar.

Editora: Edições Parsifal.

Impressão: Multitipo - Artes Gráficas Lda – Abril de 2014 – 1ª Edição.

Páginas: 284 - numeradas.


Classificado na temática: Estado Novo.

Abril, estava ainda para chegar.

Portugal vivia tempos de Guerra Colonial, Censura e Tortura...


"No Limite da Dor" é um livro de Ana Aranha e Carlos Ademar, publicado em Abril de 2014. Baseado no programa homónimo, emitido semanalmente, da Antena 1, a obra presta tributo à coragem dos antigos presos políticos, homens e mulheres, que enfrentaram torturas e humilhações, às mãos da PVDE/PIDE/DGS, o mais brutal mecanismo de repressão criado pelo Estado Novo em Portugal, que funcionou entre os anos de 1933 e 1974 em Portugal Continental e Ilhas, até 1975 nas Colónias . Foram diretores destas Polícias:


PVDE – Polícia de Vigilância e Defesa do Estado (Dec-lei nº 22992 de 29 de Agosto de 1933 ):

- Capitão Agostinho Lourenço.

PIDE – Polícia Internacional e de Defesa do Estado (Dec-Lei nº 35046 de 22 Outubro de 1945):

- Capitão Agostinho Lourenço (1945-1956)

- Capitão António Neves Graça (1956-1960)

- Coronel Homero de Matos (1960-1962)

- Major Fernando da Silva Pais (1962-1969).

DGS – Direção-Geral de Segurança (Dec- Lei nº 49401 de 24 de novembro de 1969):

- Major Fernando Silva Pais (1969-1974).

Através de testemunhos inéditos de figuras como Fernando Rosas, Edmundo Pedro, Conceição Matos, Helena Pato, Joaquim Monteiro Matias, José Pedro Soares, Justino Pinto de Andrade e Luís Moita, o livro resgata memórias dolorosas desse período repressivo. Pode ouvir ainda algumas dessas entrevistas em RTP-Antena 1( carregue ).


No prefácio da obra Irene Pimentel escreve «Podemos ler aqui testemunhos de um terrível e tremenda profundidade, que colocam questões de carácter ontológico, de questionamento sobre a morte e a vida, , a convicção e preparação política e ideológica e , em suma, acerca do comportamento do ser humano em situação-limite.».

Este é o duro preço da luta pela Liberdade.

Poderá ainda visitar alguns dos locais falados na obra, como o Museu do Aljube Resistência e Liberdade (carregue).


Visite e siga a ...

B.M.R. - Biblioteca Memória e Revolução.

Blog: lugardolivro2024.blogspot.com

facebook:BMR@bmr.998810

Mail: bibliotecabmr.2024@gmail.com

 

quarta-feira, 2 de abril de 2025

Livro: ERA UMA VEZ UM CRAVO. Divulgação de acervo.

Título: ERA UMA VEZ UM CRAVO.

Autor: José Jorge Letria, com ilustrações de André Letria.

Editora: Câmara Municipal de Lisboa

Impressão: Gráfica Europam – 1999 – 1ª Edição

Páginas: não numeradas


Classificado na temática: Revolução de 25 Abril de 1974.

 


Com versos de José Jorge Letria e ilustrações de André Letria, um livro que se fez poema e nos narra o dia 25 Abril vivido por um Cravo.

Um Cravo que na sua longa tristeza, de 48 anos, ouviu na telefonia uma música que lhe anunciava a alegria e uma nova esperança, e nessa manhã floresceu vermelho.

Viu a Dª Floripes, que tinha um filho na guerra e outro exilado em Paris acreditar poder tê-los de novo junto a si. Dª Floripes que recordou as palavras de seu pai, há já muitos anos, quando libertado da Prisão, lhe havia dito “hás-de ver a Liberdade”.

Esse dia chegara com Cravos nos canos das espingardas.

E neste álbum antigo

na velha fotografia

é a flor que soletra

o nome da poesia

Era uma vez um cravo

numa história sem idade

e eu a lembrá-lo em verso

escrevo sempre Liberdade.

Com estes versos conclui José Jorge Letria este bela história de liberdade e com este livro inicia a BMR o ciclo dedicado à Revolução dos Cravos.


Visite e siga a ...

B.M.R. - Biblioteca Memória e Revolução.

Blog: lugardolivro2024.blogspot.com

facebook:BMR@bmr.998810

Mail: bibliotecabmr.2024@gmail.com

 

Livro: O REVIRALHO – Revoltas Republicanas contra a Ditadura e o Estado Novo, 1926-1940.

Título: O REVIRALHO – Revoltas Republicanas contra a Ditadura e o Estado Novo, 1926-1940- . Autor: Luís Farinha. Editora: Editorial Est...