Título: Revista “HISTÓRIA” nº 2 – Dezembro 1978.
Sub-título:
Impressão: Jornal do Comércio,1978
Páginas: 96 - numeradas
Classificado na temática: Geral.
O nº 2 da revista História saiu para circulação em Dezembro de 1978.
Na
capa quadro, de J.M. Price, representando a esquadra imperial russa
do Báltico preparando-se para deixar a sua base de Kronstadt,
próximo de Petrogrado (São Petersburgo).
O destaque da capa para dois temas, «Afonso Costa e sua época» texto da autoria do Prof. Oliveira Marques e «A revolução russa» da autoria de José Freire Antunes.
- A vida e a época de Afonso Costa de A.H de Oliveira Marques.
Aos 6 de março de 1871 nasce, em Seia, Afonso Augusto Costa. Reina então em Portugal D. Luís I, e preside ao Governo Fontes Pereira de Melo. O país vivia período de desenvolvimento e melhoramentos de infraestruturas e financeiros, porém contrariamente ao que se podia esperar a crise política, económica, financeira está à porta e instala-se.
Em Janeiro de 1890, Reina D. Carlos I, o Governo Britânico envia ao seu congénere Português um «Ultimatum», intimando-o a evacuar imediatamente todas as forças atuantes nos territórios compreendidos entre Angola e Moçambique. Era o fim do «mapa cor de rosa». Em Coimbra, a 23 de março, os estudantes António José de Almeida e Afonso Costa publicam um artigo, intituado « A Federação Académica»onde defendem a queda do regime pela via revolucionaria:
Por este artigo,Afonso Costa é querelado, julgado e absolvido, por abuso de liberdade de imprensa, tendo sido seu defensor Sebastião de Magalhães Lima. A 31 Janeiro 1891 dá-se no Porto a primeira tentativa revolucionária pela armar de derrubar a monarquia, a qual fracassa.
Em 1905, advoga na Cidade do Porto, dado que desde 1903 por problemas de saúde abandonou as aulas de Professor na Universidade de Coimbra. O ano de 1905 -1906 vê estalar na Rússia uma revolução. Amotina-se o Couraçado Potenkin, dão-se recontros em São Pertersburgo e noutras cidades entre revolucionários e forças repressivas. O mundo republicano vibra de emoção. Afonso Costa publica na sua crónica semanal, no jornal O Mundo , a «Nota Vermelha»:
Em Portugal começam também as convulsões. Amotina-se o Cruzador D. Carlos. Os Republicanos colocam-se do lado dos marinheiros amotinados e criticam as formas de repressão monárquicas. A crise económica agrava-se o défice aumenta sendo visto como incapacidade governativa de um regime. Afonso Costa é eleito para o Diretório do Partido Republicano e também Deputado no Parlamento. Em intervenção na Câmara dos Deputados tem inúmeras intervenções. Voltando-se para João Franco , chefe do governo:
A Monarquia caminha para o seu fim a 5 de Outubro de 1910. Afonso Costa torna-se ministro da republica sendo "porventura entre 1910 e 1930, o mais querido e odiado dos Portugueses. O seu nome simbolizou toda uma política mesmo um regime, até. Endeusaram-no como talvez ninguém neste país".
Vem a falecer de ataque cardíaco, em Paris, a 11 Maio de 1937, tendo os seus restos mortais sido transladados para Portugal, em 1971 já Salazar morto, encontrando-se sepultado em Seia no jazido da família.
- A Revolução de Outubro e a grande esperança Marxista de José Freire Antunes.
Os acontecimentos de Petrogrado, que sucederam à revolução de Fevereiro de 1917, que depuseram o regime Czarista e deu lugar a uma dualidade de poderes: um Governo provisório suportado pela burguesia industrial e agrária, que preconizava uma democracia institucional; e os Sovietes, órgãos da vontade dos operários fabris, campesinato pobre, soldados e marinheiros que queriam levar mais fundo a transformação da sociedade russa. Os Bolchevique sob o lema "O Pão, a Paz , a Terra" conquistam o apoio dos operários, camponeses, soldados e marinheiros, consequentemente a maioria nos Sovietes.
O texto apresenta 4 pontos para o triunfo da Revolução.
- A Revolução de Outubro triunfou, sem grande derramamento de sangue, porque a burguesia, afastado estado pelos Bolcheviques, estava débil, não dispunha de iniciativa política nem capacidade económica para patrocinar a causa da democracia institucional.
- A Revolução de Outubro triunfou, porque a sua classe dirigente foi o operariado russo.Não obstante menos instruída, política e culturalmente, que a sua congénere da Europa desenvolvida, tornara-se mais forte e capaz da experiência do fogo das barricadas; não sofria grande pressão da aristocracia operária; conquistou para a sua causa o campesinato pobre, a maioria do povo russo.
- A Revolução de Outubro triunfou, porque os povos da Rússia puderam contar com uma direção de um partido coeso e inflexível, superiormente conduzido por um político genial, Lenine.
- A Revolução de Outubro triunfou, porque deu-se quando a Grande Guerra estava no auge, As grande potencias da época, divididas em dois campos, demasiado atarefadas no teatro da guerra e a nova partilha do Globo, tinham no momento, pouca margem e capacidade de intervenção para impedir o triunfo bolchevique. As castas dominantes na Europa, optaram por couraçar-se para evitar o Bolchevismo, que se anunciava ao velho continente ( os anos 30 são disso prova).
A revolução Russa, surgiu como um poderoso movimento de inversão da história, onde milhões de pés descalços, sem nada a perder, que não fosse as algemas, a prisão , a morte, realizaram a primeira concretização da grande esperança marxista. Ninguém, simpatizante ou adversário do marxismo, seja qual for a opinião que tenha do posterior destino da revolução, , poderá escamotear a transformação operada no Mundo sob a bandeira de uma jovem doutrina.
Passados quase 110 anos estará o marxismo morto???!!!
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