Título: Coleção os Anos de Salazar vol 4 – 1936-1939 – PARTE II – Salazar, retaguarda de Franco.
Autor: António Simões do paço ( Coordenador) .
Editora: Centro Editor PDA
Impressão: Rodesa
Páginas: 205
Classificado na temática: Estado Novo.
A proclamação da 2ª República Espanhola em 1931 gerou grande expectativa entre as diversas forças de oposição em Portugal, alimentando esperanças de mudanças políticas e provocando mobilizações civis que o governo português teve dificuldades em conter. A Espanha republicana era vista como uma plataforma de apoio à luta oposicionista em Portugal. No entanto, com o desenrolar dos acontecimentos, especialmente a partir de 1934, quando do chamado biénio conservador, essa influência tornou-se menos viável.
Diário Lisboa, 18 Julho 1936
A situação mudou novamente em 1936, quando as eleições antecipadas de 16 de fevereiro deram a vitória à Frente Popular, um bloco constituído por partidos de esquerda. O governo de Salazar, atento aos desdobramentos políticos no país vizinho, percebeu os riscos que essa mudança representava para Portugal. Assim, quando a sublevação nacionalista liderada pelo general Francisco Franco teve início em 17 de julho de 1936, Lisboa não hesitou em prestar apoio aos rebeldes contra o governo republicano espanhol.
Portugal tornou-se uma peça-chave na retaguarda logística dos nacionalistas. A ponte aérea que transportou as tropas nacionalistas de Marrocos para a Península Ibérica contou com o apoio da Alemanha Nazi, que forneceu aviões Junkers 52. Durante o trajeto, da Alemanha para Marrocos, essas aeronaves fizeram escala para reabastecimento na Herdade da Comenda, Gavião, no Alto Alentejo, propriedade do engenheiro Pequito Rebelo.
Soldados do Exército de África, embarcando no Junkers 52
Além disso, o governo português facilitou o envio de armamento e outros abastecimentos por via ferroviária para as forças nacionalistas.
Diversas personalidades e setores económicos portugueses também participaram desse apoio. Empresários influentes, como Alfredo da Silva (dono da CUF) e Sebastião Ramírez (industrial conserveiro), bem como instituições financeiras, contribuíram financeiramente para a causa franquista. Paralelamente, diplomatas e ministros do governo português empenharam-se em alertar a comunidade internacional sobre os supostos perigos da República Espanhola, ali incrustada na Europa.
A propaganda do Estado Novo foi essencial para moldar a opinião pública, disseminando a ideia de um iminente "perigo vermelho" vindo de Espanha, que poderia ameaçar Portugal. A censura garantiu o controle da informação, tanto na imprensa como na rádio, silenciando notícias desfavoráveis aos nacionalistas. Uma das poucas exceções foi o Diário Popular, cujo repórter de guerra, Mário Neves, denunciou as atrocidades cometidas pelas tropas de Franco, em Badajoz, a 15 de agosto de 1936.
No dia seguinte, a edição do jornal foi alvo da repressão por parte da Censura do regime, não voltando mais à mesma linha editorial.
Diário Lisboa, 28 de Marco de 1939 - Rendição de Madrid
A Guerra Civil Espanhola prolongou-se por quase três anos, terminando a 1 de abril de 1939 com a vitória das forças nacionalistas. Para Salazar e o Estado Novo, essa vitória representou uma garantia de estabilidade na Península Ibérica, assegurando uma relação de proximidade entre os dois regimes ditatoriais que duraria por décadas.
Salazar e Franco
A Guerra Civil de Espanha em 15 minutos:
- Para a Memória Republicana...
Continua... Parte III , O Atentado contra Salazar , 4 de julho de 1937.
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