Título: História Social do Trabalho.
Autor: Pierre Jaccard
Editora: Circulo leitores
Impressão: Printer Portuguesa Lda
Páginas: 335
Classificado na temática: O Trabalho.
O texto aborda a relação entre o trabalho e a liberdade, destacando a necessidade de que o trabalho seja uma atividade espontânea e livremente escolhida para que se torne uma fonte de satisfação e alegria para o ser humano. O autor critica a mecanização e a imposição de tarefas repetitivas e forçadas, ressaltando que a verdadeira liberdade no trabalho exige condições psicológicas, morais e sociais adequadas. Ele discute a importância de reconciliar trabalho e prazer, argumentando que o constrangimento associado ao trabalho pode ser mitigado por uma organização mais justa, respeitando as necessidades e aspirações dos trabalhadores.
Pierre Jaccard reflete ainda sobre o impacto social do trabalho, citando autores como Dostoiévski, que enfatiza o valor de dar ao trabalho um propósito útil. Ele propõe que o trabalho deve ser orientado para o bem coletivo, promovendo a colaboração social e combatendo as divisões de classe, que frequentemente geram antagonismos e desconfianças. A solução apontada passa por criar condições para que o trabalho seja visto como uma oportunidade de realização pessoal e de harmonia social.
Dostoievski...«Para reduzir um homem a nada, basta dar ao seu trabalho um carácter de inutilidade»
Hyacinthe Dubreuil ...o operário deve ter «a sensação que o seu trabalho executa uma obra de interesse coletivo, que constitui um elemento da grande colaboração social onde cada um deve dar qualquer coisa de si porque ao mesmo tempo recebe de todos»
O texto apresenta uma visão profundamente humanista e crítica sobre o papel do trabalho na sociedade, questionando as formas tradicionais de organização laboral. A crítica à alienação do trabalho forçado e à falta de liberdade é pertinente, pois destaca como as condições de trabalho podem impactar não apenas a produtividade, mas também o bem-estar emocional e psicológico dos indivíduos. A abordagem valoriza o trabalho como uma necessidade intrínseca ao ser humano, mas enfatiza que este só pode ser fonte de alegria e realização se estiver em sintonia com a liberdade e a espontaneidade.
Por outro lado, a visão idealista do autor pode ser considerada utópica em alguns aspectos. A proposta de um trabalho sempre útil e direcionado ao bem coletivo ignora os desafios práticos impostos pelas estruturas corporativas, económicas e políticas contemporâneas, como o capitalismo e a busca incessante por lucro.
Pierre Jaccard oferece-nos uma contribuição valiosa para o debate sobre trabalho e liberdade.
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