Título: A Ascensão de Salazar, 1926-1932.
Autor: Coordenador António Simões do Paço
Coleção: Os anos de Salazar, nº 1
Editora: Centro Editor PDA
Páginas: 207 páginas numeradas
Classificado na temática: Estado Novo.
O Livro aborda a ascensão de António de Oliveira Salazar em Portugal entre 1926 e 1932. Destaca sua posse como Ministro das Finanças em 1928 e seu sucesso em controlar o déficit das contas públicas, o que fortaleceu sua posição política. Em 1932, foi nomeado chefe do governo, consolidando um regime autoritário. O contexto internacional também é abordado, mencionando a proclamação da República em Espanha (1931), a ascensão do nazismo na Alemanha (1932) e a eleição de Franklin D. Roosevelt nos EUA. O texto finaliza com eventos desportivos da época, como a Volta a Portugal em bicicleta e a vitória do FC Porto no campeonato de futebol.
Índice:
Destacamos 3 dos momentos abordados no livro.
A queda da Iª República
A Primeira República Portuguesa (1910-1926), inaugurada em 1910, não teve vida fácil, mas também não fe muito por isso, caiu devido a uma combinação de fatores políticos, económicos e sociais que levaram à instabilidade do regime. Como razões para a sua queda encontramos:
1. Instabilidade Política
Durante os 16 anos da Primeira República, Portugal teve 45 governos diferentes, com mudanças constantes de liderança.
Havia uma grande rivalidade entre os partidos republicanos, levando a disputas internas e falta de governabilidade, permanentes cisões no Partido Republicano Português. O Republicanismo era um fenómeno social e político não maioritário, muito suportado por uma pequena burguesia e classes média urbanas.
A incapacidade de democratizar o sistema político, com o não reconhecimento do direito de voto às mulheres, um diminuto número de eleitores receio do voto rural e conservador.
Ausência de projecto, ideia de estado, suficientemente aglutinador de um bloco político e social estável que viabilizasse o novo poder.
2. Crises Económicas
A economia portuguesa enfrentou graves dificuldades, com inflação, aumento da dívida pública e crise agrícola.
A participação de Portugal na Primeira Guerra Mundial (1914-1918) agravou a situação, pois o país gastou recursos sem ter retorno económico.
3. Insatisfação Popular e Social
O governo republicano não conseguiu melhorar as condições de vida da população.
Greves, protestos e conflitos sociais tornaram-se frequentes, com grupos monárquicos e anarquista, a desafiar o regime. O movimento operário foi tratado a lei do cacete e as promessas que se lhe haviam feito foram esquecidas.
4. A Revolta Militar e o Golpe de 1926
O descontentamento das forças armadas aumentou devido à instabilidade e falta de liderança firme.
Em 28 de maio de 1926, um golpe militar liderado pelo general Gomes da Costa derrubou a Primeira República, dando início à Ditadura Militar, que mais tarde evoluiu para o Estado Novo de Salazar.
O
«Reviralho»: A Resistência Republicana
O Reviralho refere-se ao conjunto de conspirações, revoltas e tentativas de golpe promovidas e protagonizadas, principalmente por republicanos, socialistas, comunistas e anarquistas, opositores da Ditadura Militar (1926-1933) e, posteriormente, do Estado Novo. O termo deriva da ideia de "revirar" o regime imposto pelo golpe militar de 28 de maio de 1926.
Principais Revoltas do Reviralho
Foi a primeira grande tentativa de derrubar a Ditadura Militar, liderada por republicanos em várias cidades, especialmente no Porto e em Lisboa.
Os revoltosos chegaram a tomar o Porto por alguns dias, mas foram derrotados pelo Exército.
Nova tentativa de golpe republicano, desta vez com menor impacto, desmantelada à nascença
A repressão foi violenta, consolidando ainda mais o poder da ditadura.
Revolta militar na Madeira contra o governo ditatorial, envolvendo militares e civis.
Foi rapidamente reprimida, mas mostrou a insatisfação crescente com o regime.
1. Revolta de Fevereiro de 1927
2. Revolta de Julho de 1928
3. Revolta da Madeira (1931)
4. Revoltas de 1933 (desmanteladas).
Fevereiro. Desmantelada pela nova polícia criada pela Ditadura ( Polícia de Defesa Política e Social ).
Novembro. Apreendido Sarmento Beires o «Projecto de Plataforma de Frente Única das Forças Populares Motores da Democracia».
Fim do Reviralho
O Reviralho representou a resistência ativa contra a ditadura, mas foi derrotado. Com o fortalecimento do Estado Novo e a criação da polícia política (PVDE), a repressão tornou quase impossível qualquer tentativa de revolta armada. A oposição passou a atuar na clandestinidade, mas a chamada oposição foi preservada e algumas décadas mais tarde num Abril distante triunfaria.
A Ascensão de Salazar em Portugal
António de Oliveira Salazar chegou ao poder em Portugal num contexto de instabilidade política e financeira, consolidando-se como chefe de governo e instaurando o regime autoritário do Estado Novo (1933-1974).
A Chegada ao Governo
1. Nomeação como Ministro das Finanças (1928)
Salazar, professor de Economia na Universidade de Coimbra, foi chamado para assumir o Ministério das Finanças.
Inicialmente rejeitou o convite em 1926, mas aceitou em 1928, impondo condições para ter total controlo sobre o orçamento do Estado.
Conseguiu equilibrar as contas públicas, ganhando prestígio entre os militares.
2. Consolidação do Poder (1932-1933)
Em 5 de Julho de 1932, Salazar foi nomeado Presidente do Conselho de Ministros (primeiro-ministro) tornando-se o primeiro civil a chefiar um governo desde o golpe militar de 28 Maio de 1926.
Em 1933, instituiu a Constituição do Estado Novo, um regime autoritário inspirado no fascismo europeu, com características nacionalistas, corporativistas e antidemocráticas.
Pilares do Poder de Salazar
Autoritarismo e Repressão
O Estado Novo aboliu partidos políticos e instituiu a União Nacional, único partido permitido.
Criou a P.V.D.E. (depois PIDE), uma polícia política que perseguia opositores.
Censura rigorosa na imprensa e controlo da propaganda.
Corporativismo e Economia
Modelo económico baseado no corporativismo, onde o sindicatos eram controlados pelo Estado.
Políticas de austeridade e equilíbrio orçamental.
Desenvolvimento de grandes obras públicas e infraestruturas.
Neutralidade na Segunda Guerra Mundial
Manteve Portugal oficialmente neutro, negociou com os Aliados, ao permitir bases nos Açores, e os Nazis comprando ouro proveniente das vitimas do Holocausto.
A sua diplomacia ajudou a manter a estabilidade do regime.
Conclusão
Salazar consolidou-se no poder como uma figura austera e conservadora, dominando Portugal por mais de 35 anos. A sua ascensão foi marcada pela imposição de uma ditadura que só terminaria em 1974, com a Revolução dos Cravos.
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