Título: Liberdade.
Autor: Carvalhão Duarte.
Editora: Seara Nova.
Composto e Impresso: Gráfica Lisbonense, 3 de Maio de 1949.
Nº páginas: 253, numeradas.
Classificado na temática: Princípios e Valores Humanistas na sociedade.
Jaime CarvalhãoDuarte, nasce a 9 Outubro de 1897, em Tinalhas, freguesia do Município de Castelo Branco, vindo a falecer em Lisboa, a 21 Agosto de 1972. Professor do ensino primário, e democrata, proibido de exercer essa atividade pelo Estado Novo através do célebre Dec-Lei 21317 de 13 Maio e 1935 que permitia ao governo de então concretizar a demissão dos funcionários que fossem considerados como tendo “espírito de oposição” aos valores Constitucionais, resultantes da Constituição de 1933, ou que desse, sinais de não cooperar com o regime Político, ou seja a Ditadura; Sindicalista, tendo desempenhado várias funções na União do Professorado Primário. As suas posições no espaço sindical são focadas nos problemas da escola portuguesa, partindo de um ideário político anarco-sindicalista, muito presente em Portugal nos primeiros 30 anos do século XX ; Jornalista, colaborou com o diário anarquista "A Batalha", foi Diretor do Jornal “A República” órgão de oposição ao Estado Novo. É ainda conhecida a sua ligação à Maçonaria, pelo que a Liberdade, a par da Razão, da Justiça são, para Carvalhão Duarte, valores estruturantes e inquestionáveis na construção do homem e da sociedade, onde deverá triunfar um sistema Democrático ao serviço do Povo e sendo por este eleito.
Carvalhão Duarte, deixa-nos no "Preliminar", páginas 7 a 11, do livro a estrutura do seu pensamento, valores e anseios:
Em jeito de conclusão:
A liberdade é um dos conceitos mais profundos e universais da experiência humana. É um ideal que transcende fronteiras, culturas e gerações, representando um estado de ser que permite ao indivíduo viver plenamente as suas convicções. Não se limita apenas à ausência de restrições, mas envolve a capacidade de pensar, agir e expressar-se sem medo de represálias. Ao longo da história, homens e mulheres lutaram por esse direito, conscientes de que a liberdade é a base da dignidade humana e da realização pessoal.
Desde tempos imemoriais, a procura pela liberdade tem impulsionado revoluções, movimentado sociedades e moldado nações. A Declaração Universal dos Direitos Humanos, reconhece a liberdade como um direito inalienável, essencial para o desenvolvimento e a paz mundial. No entanto, a liberdade não é um conceito estático; é dinâmica adaptando-se às circunstâncias e aos contextos históricos e culturais. Por essa razão, a noção de liberdade deve sempre ser defendida e atualizada, sob o risco de ser sufocada por regimes autoritários ou pela opressão social.
Ser livre também implica responsabilidade. O exercício da liberdade requer discernimento e respeito pelos direitos dos outros, pois a liberdade individual só pode florescer verdadeiramente quando está em harmonia com a coletividade, daí que muitas vezes mais que uma fronteira onde a de uns termina e a de outros começa, ela seja um espaço de interceção, de partilha, de interdependência. Essa interdependência mostra que a liberdade não é um privilégio isolado, mas um bem coletivo que se reflete na justiça, na igualdade e na cooperação mútua.
Ainda assim, o valor da liberdade pode ser facilmente subestimado quando se vive numa sociedade onde ela é amplamente garantida, que não era o caso de Portugal em 1949. É em tempos de crise e restrição que a sua verdadeira importância se torna mais clara. As gerações que enfrentaram ditaduras, censura e repressão conhecem o preço da falta de liberdade e servem como memória de que a vigilância constante é necessária para protegê-la.
Portanto, a liberdade é mais do que um simples conceito; é um estado de espírito e um direito que precisa ser cultivado e defendido permanentemente. Somente com essa vigilância e proteção ativa ela pode continuar a ser um pilar de uma vida digna e significativa, onde o ser humano possa expressar-se, crescer e contribuir para a sociedade de forma plena e autêntica. É uma dádiva e, ao mesmo tempo, uma conquista que exige empenho e solidariedade para que seja preservada e ampliada por todos e para todos.
Fiat Lux ( faça-se luz ) no espírito dos povos e das pessoas.
BMR
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